quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O SAPO


  


 
À beira da estreita rua de terra umedecida pela
chuva torrencial que lhe assolara, deleitava-se quieto,
muito quieto, solitário sapo, sem imaginar o suplício
do futuro a espreitar-lhe.

Seus grandes e vívidos olhos tinham luzes de pirilampos
e brilhavam ainda mais, ao entreolhar curiosos garotos a
lhe rodear.

De repente:  a tragédia! Os meninos lançaram-lhe
pesadas pedras  e a cada pedra lançada, um salto a mais do
pobre sapo, em sua  angustiante tentativa de desvencilhar-se
da emboscada crucial!

Esforços vãos:  não suportando a intensa crueldade, pouco a
pouco, vai perdendo as forças e desfalece, enfim, numa poça d’água,
lançando ainda um último olhar estupefato aos pequenos vândalos,
como a entender e a perdoá-los.

Oh! Pobre sapo! Sua voz não é ouvida, mas o seu silêncio
transmutará em dolente silvo de clamor, que ressoará
por longo tempo na consciência dos garotos, fazendo-os repensar
em profusão, sobre a tortura que lhe impuseram;
e verão ainda, o desabrochar de flores,
no lugar do suplício de tão dolorosas pedras.




Autoria: Antenor Rosalino

Imagem da Internet




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