Insurge
um novo ano. E não há melhor época para que os sentimentos das pessoas possam
emergir com propósitos elevados, edificados e depurados.
Que as adversidades possam servir
definitivamente para a humanidade repensar seus feitos e valores no afã de nova
construção mental para um porvir digno das vinhas do amor maior para a qual
fomos criados.
Que todos os arcaicos e obscuros
sentimentos de tristeza, da incômoda e tão preocupante situação atual de
declínio que se acentua sempre mais na moralidade que deveria nortear os passos
de todos para as vinhas do bem e as lembranças taciturnas possam dar lugar a
reflexões e visões mais experientes de modo que as dores, adversidades e maledicências
pretéritas sejam vistas como obstáculos que se fizeram existir para serem ultrapassados.
E assim, e só assim, poderemos fazer com que o bem triunfe sobre o mal dentro
de um tempo providencial.
Numa conversa que tive recentemente com uma
pessoa amiga sobre o difícil momento de mutações de valores humanitários por
que passa os povos de todo o mundo, essa pessoa que é profunda conhecedora da
doutrina espírita asseverou-me de que são naturais essas fases de mudanças do
temperamento humano e que são análogas às alterações do clima. Há tempos de
guerra e tempos de paz, mesmo porque, o mal insiste em permear sobre o bem, mas
que, no final, o clarão da paz divina haverá de perpetuar sobre tudo e sobre
todos.
A meu ver, tem fundamento tal explanação. Podemos,
todavia, evitar que as situações adversas ganhem proporções vultosas, procurando
não dar guarida a pensamentos malignos e vivenciarmos sempre o magno encanto de
magia da noite de Ano Novo, quando as almas uníssonas no mesmo pensar renascem
imensamente e, em sublime prece entoam fraternalmente as mais doces canções de
amor.
Nesse
momento de pureza e luz, todas as contas do rosário da memória são, lentamente,
repassadas, enquanto a indizível poesia da vida inunda a
Terra de estranha felicidade.
Terra de estranha felicidade.
Que a alegria reinante nas profundas
fontes do nosso pensar na passagem do ano possa, de fato, cicatrizar as chagas das
angústias vivenciadas e que, envoltos
pela passiva atitude que vem dos céus sejam renovadas as esperanças dos povos
de todo o mundo, e que as preces súplices, os cantos e propósitos crísticos
sejam disseminados e ganhem eco em todos os continentes em confrarias presentes,
num enlevo enternecedor de solidariedade, para que nossos braços em cálidos
abraços possam acolher a abençoada paz em sua plenitude e todas a dádivas do
Ano Bom.
Autoria: Antenor Rosalino
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