Voltando o pensamento às memórias incrustadas ao longo da minha existência, revivo em sonhos, nitidamente, com uma nostalgia que enternece a alma, os primórdios do surgimento da minha cidade natal, e busco expressar a mais pura sentimentalidade latente no meu coração esmaecido pelas antigas lembranças da “Terra dos Araçás”, a minha querida Araçatuba.
Volvendo os olhos às fotos amareladas pelo tempo não posso conter a emoção advinda de tantos exemplos de trabalhado árduo dos fundadores visando o progresso que hoje, ostensivamente se apresenta com indescritível beleza e formosura.
Desde os mais remotos tempos da tímida estaçãozinha de trens, em que os entraves com os indígenas eram inevitáveis, passando pelas primeiras construções de casas, abertura de ruas, vielas e os locais destinados às praças, onde os passarinhos esvoaçantes sobejavam acrobacias e as flores e árvores balançavam na aragem, no meu imaginário balançavam igualmente os corações dos trabalhadores na esperança que faiscava em cada olhar.
E o progresso veio pouco a pouco traçando os rumos daquela que viria a ser a capital da noroeste do Estado de São Paulo. A sua história traz perfis de abundância, pois havia por aqui uma infinidade de pés de araçás, de cuja fruta a cidade herdou o nome Araçatuba.
O início das primeiras escolas, a igreja matriz, o comércio, os primeiros prédios públicos, são construtos que transmitem pureza de sentimentos nostálgicos sem iguais, e se eternizam na saudosa memória dos seus moradores.
Algumas curiosidades emolduram a história da cidade, como por exemplo, o fato de ter sido ponto de concentração da tropa noroestina do Movimento Constitucionalista, a corporação de bombeiros voluntários foi a primeira no Estado, liderou por algum tempo a plantação nacional algodoeira, foi também pioneira em todo o interior paulista, a usufruir do benefício do asfalto, daí a razão de ser cognominada “Cidade do Asfalto”, além de outros cognomes dos quais fez jus, como “Capital do Boi Gordo” e “Cidade indicada para grandes investimentos”.
Não posso calar-me ou deter-me indiferente a uma observância de fina melancolia que invade o mais profundo do meu íntimo quando passo pelo local da antiga estação ferroviária de tantos encontros e desencontros, chegadas e despedidas que faziam os olhares marejarem de alegria ou de tristeza, e vejo o lugar transmudado numa eterna estação de imorredouras saudades.
Autoria: Antenor Rosalino
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