sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

ESSÊNCIA

 

                 

 

  No transcorrer breve da vida transmutamos

conciente ou inconscientemente, a pureza

do nosso ser, naquilo que os outros e as

circunstâncias desejam que nos tornamos.

Em seu rito gradual de incertezas a vida nos

leva  como penachos à deriva por águas que,

talvez, nunca foram navegadas.

 

  Surgimos no mundo sem sabermos o porquê

e sem ter pedido. Aos poucos, repentinamente,

acontece o despertar da angústia de desejarmos a

liberdade pessoal num mundo de encanto e paz,

ao mesmo tempo em que avulta a consciência de

que nascemos para obedecermos regras e morrermos

distantes do alvor da nossa essência mais pura.

 

  Intriga-nos sabermos que fazemos parte do domínio universal

infinito e belo mas que, ao mesmo tempo, somos mortais na

imensidão da imortalidade do mundo. E entre alegrias e

tristezas, sem a capacidade de prognosticarmos o futuro tão

incerto, voltamos, ao final da jornada terrestre, para outro plano

da existência que, para alguns, inexiste e para outros, porém é o

o eldorado onde os entes queridos que ali estão nos esperam.

 

 

 

          Antenor Rosalino

 

 

 

 

 

 

sábado, 14 de dezembro de 2024

É NATAL


      

                É NATAL

 

        Um meteoro cadente

        Enfeita o clarão da noite

        As flores noturnas balançam

        Afugentando os açoites.

 

        Os corações palpitam em alegria

        Vislumbrando o esplendor

        Da lua afagando a noite

        No Natal do puro amor!

 

        As luzes insurgem matizes

        Enquanto as almas uníssonas

        Recebem bênçãos divinas

        Pela leda madrugada.

 

        O sol se faz eclipse

        Vagante pelo espaço

        Postergando o apocalipse

        Na sublime íris do prado.

                                                       


Feliz Natal a todos!...

 

                    Antenor Rosalino

 

domingo, 1 de dezembro de 2024

TERRA DOS ARAÇÁS

 

                         

2 de Dezembro - Aniversário de Araçatuba


 Em princípio: as matas virgens, as colinas verdejantes, habitat de acrobáticos pássaros multicores e das tribos Caingangues  em passos errantes.

  No fluir da natureza em seu rito gradual de constante transmutação, este esplendente rincão também se modificou.

   Surgiram os homens brancos, as plantações cafeeiras e o desbravamento começou.

  Com labor e sacrifício, muita luta e heroísmo, a estaçãozinha de trens logo se edificou, com ela, os primeiros sinais do progresso que se alojou.

  Líder grandiloquente da região noroeste do Estado de São Paulo, ostentou a magnitude de tornar-se ponto de concentração da tropa noroestina do Movimento Constitucionalista.

  A imprescindível Corporação de Bombeiros - primeira no Estado – formada por voluntários, desfilava em saudosos tempos a magnitude de sua florescência: orgulho de nossa  gente!

   Predestinada ao seu garbo paradisíaco, liderou com galhardia a plantação nacional algodoeira, formando brancos mares em vastos campos arvenses.

  Em nova fase econômica, ostentando seus dotes marcantes de versatilidade, insurgiram em seu leito aquiescente, as plantações canavieiras e a pecuária alvissareira.

    Para nosso gáudio ainda vemos em meio a edifícios gigantes, arquiteturas modernas e palacetes: coqueirais, plantas antigas esvoaçando-se exuberantes.

  Salve Araçatuba! Doce fonte frutífera  de saborosos araçás: frutas das plantas mirtáceas, genuínas da América, tendo originado daí, a sugestão do seu nome e o histórico cognome “Terra Dos Araçás".

   Suas denominações são justas: “Terra do Boi Gordo”, “Cidade indicada para grandes investimentos”.

  Traz em seu bojo também o mérito do cognome “Cidade  do Asfalto”, pois fora  pioneira em todo o interior paulista, a usufruir desse benefício indispensável e ornamental.

   Quanta saudade arraigada de seus límpidos riachos, dos pássaros  e frutas assaz... Lembranças, doces lembranças do desabrochar de araçás.

    Bravos, valentes fundadores de ontem. Não menos bravos seus munícipes de hoje: laço uníssono e legado de nobreza a trazer, do progresso, suas vertentes e proezas.

 

 

                                                  Antenor Rosalino

                               .  

 

sábado, 16 de novembro de 2024

DOIDIVANA


No seu mundo diversivo

De prazeres sensuais,

As paixões são sempre ardentes

Em quiméricos madrigais.

 

As volúpias de carícias,

Em toques extasiantes,

Culminam a sobejante entrega

No seus dias sempre iguais.

 

As entregas amantíssimas

E os beijos mais calorosos

Despojam os preconceitos

No ápice do ardor maior.

 

Nos seus dias de crisálida,

Fantasias e ilusões,

O seu mundo se resume

À meia luz do divã.

 

O futuro já não importa,

Os amantes multiplicam-se.

A entorpecida boemia

Dita as regras do amanhã.

 

Amores? São passageiros

E breves são seus momentos.

Na passarela afrodisíaca,

Não desfilam sentimentos

 

Um dia, a pobre donzela

Dá sinais de decadência:

As rugas mais ostensivas

Afastam os amores calientes.

 

Nada plantou pra colher...

A beleza desvaneceu-se!

E por fim  as lágrimas sentidas

Caem soltas no tapiz.

 

                    Antenor Rosalino

 

domingo, 3 de novembro de 2024

CORAL MADRIGAL PARALELLUS

Acróstico ao

CORAL  MADRIGAL  PARALELLUS

de   Araçatuba

          

             

              Cânticos de vozes uníssonas que elevam as almas

               Onde as tristezas não podem tocá-las.

               Ressoam no ambiente de enlevo enternecedor:

               Alegrias, sabendas, nuances multicores...

               Leda magia dos cantos de amores.

 

               Momentos felizes suas canções retratam.

               A platéia se agita entusiasticamente:

               Delira, alardeia frenéticos aplausos...

               Remete às lembranças de dourados sonhos,

               Insuflando nos ares o aroma das flores.

               Ganha a cidade nessa hora feliz:

               As cores sublimes do altar do arco-íris.

               Lira suave na noite de luz!

 

              Paira no ar os acordes melódicos,

              Acompanhando as vozes sedutoras e belas.

              Régia harmonia na sincronia perfeita,

              Aventando ternura na plateia que enleia.

              Lampejos divinos ostenta a regente

              E em suas áureas mãos eleva-se a ágape.

              Louváveis vocais trazem o estro de rouxinóis libertos.

              Logo, porém, as cortinas se fecham.

              Uníssonas vozes aos poucos se calam.

              Silencia a plateia...,  a magia se esvai.

 

                                             Antenor Rosalino

domingo, 20 de outubro de 2024

FUTEBOL




Sob a imensidão do plácido azul celestial,

os dourados raios de sol aquecem

 - com fulgurante esplendor -,

a cidade engalanada

na primícia do encantamento

de mais um dia de futebol.

 

Entre faixas e adornos coloridos,

reluzem os olhares vívidos dos torcedores:

alviverdes, alvinegros, tricolores...

Ostentando cada qual, o sagrado símbolo

do clube do seu coração.

 

O gigantesco estádio acolhe

a explosão inevitável da multidão

circundante do verde e demarcado gramado

que reluz!

 

Desfraldam-se as bandeiras!

É chegada a hora do pontapé inicial

do promissor e grande clássico.

 

Os “artistas da bola” encantam a platéia

com dribles desconcertantes; passes rápidos

 - como o lançar de uma flecha indígena -,

cabeceios gigantescos no ar

e jogadas monumentais!

 

A apoteose chega ao ápice no momento do gol:

é   indizível a vibração do time

que sai à frente, no marcador,

enquanto a torcida contrária

reascende a chama das vaias

- até mesmo contra a arbitragem incólume -,

em esperança da sonhada

reversão do placar quando mostra,

com ostensiva luminosidade e precisão,

o resultado parcial.

 

Ao final da jornada, é notório o contraste

das emoções entre uma e outra torcida.

Fica porém, para todos, a alegria de

vivenciarem o inefável encantamento

da mágica arte do eterno futebol.

 

                               Antenor Rosalino

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O SERESTEIRO


Homenagem ao
Grupo Amigos da Seresta
de Araçatuba






Com o olhar complacente
Em miríades de estrelas,
O seresteiro se entranha
Na poesia plena presente
Do plenilúnio que abriga
As suas canções dolentes.

Predestinado por mãos divinas,
Encanta multidões...
Energiza-se a luz do prado
Nas serestas que arrebatam
Corações esmaecidos
De saudades incrustadas.

Sob o prisma do luar afável,
O seu coração nostálgico
Busca revelar o belo...
E os acordes acontecem
Nas canções que fazem eco
No altar dos campanários
E nas montanhas em prece.


                               Antenor Rosalino



  Reedito esse poema em homenagem, sobretudo,
ao meu irmão Aurélio Rosalino, falecido no dia
16 de agosto último, vítima de infarto fulminante,
aos 87 anos de idade. 
  Esse poema figura na primeira página de um livro
feito esse ano, em comemoração aos 35 anos de
existência do Grup0, do qual, por muitos anos, ele foi
coordenador. Era também publicitário, criador e
apresentador do programa "Eu, você e a saudade", 
na Rádio Max 90, de Araçatuba. Na foto ele aparece
de paletó branco.

   Saudades imorredouras!

  

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

EMANAÇÃO


         

               No mais profundo do meu ser,

                 - Onde a poesia faz ninho -,

                 Uma fina ciência de mim mesmo

                 Descortinou-me a sapiência

                 De que a felicidade em sua essência

                 Não é feita de honrarias

                 Nem de vãs ideologias,

                 Mas sim, das pequenas coisas

                 Presentes em cada dia.

 

                 Parece que vejo agora

                 No entardecer do meu viver,

                 Pelas experiências vividas,

                 E com esperança esculpida,

                 A poesia emanar-se

                 Como um milagre de Deus

                 E o suave encanto da aurora

                 No fluir dos dias meus.

 

                                    Antenor Rosalino 

sábado, 7 de setembro de 2024

O PÊNDULO DAS HORAS

 

                                   

                     


                       No tic-tac do pêndulo

                       Do relógio que não para,

                       Meu aflito coração segreda

                       Pensares que se afloram.

 

                       Os pensamentos fluem

                       Entre alegrias e dores

                       Na incógnita do meu mundo

                       Feito de espinhos e flores.

 

                       Ah! Relógio que não para,

                       Aflora dúvidas em meu peito

                       Ou traz angústias suspensas

                       Ao meu coração incerto.

 

                       Os ponteiros frios e ágeis

                       Indiferentes ao meu pranto,

                       Seguem altivos sem acenos

                       Ao langor do meu lamento.

 

                       Nesse tempo ininterrupto

                       Que me  leva ao além

                       Nascem flores de dúvidas

                       No tic-tac que vem.

 

                                       Antenor Rosalino