quarta-feira, 24 de agosto de 2022

A MODÉSTIA E O PERDÃO


         

              

 

        Sê modesto!

        Não permitas que a ostentação

        Deslustre os teus feitos;

        Deixe que outros te valorizem

        E reconheçam a tua trajetória terrena.

        Sinta, guarde e oculte o teu ímpeto

         De sobrepor-se aos teus semelhantes.


         Siga as marcas da humildade dos

         Grandes sábios, os quais, em predestinada

         E sublime missão, fundamentaram suas vidas

         No servir, ostentando apenas o amor

         E ocultando a vaidade banal, pois o mérito

         Verdadeiro não gosta de se mostrar.

 

          Em simetria, cultive em dimensão irrestrita

          O exercício do perdão. Vê bem, que as flores

          Brilham entre abrolhos como a perdoá-los,

          E, indiferente às intempéries, esplandecem

           Ainda mais seu colorido donaire!

 

           Mesmo permeando em tempestade de

           Ingratidão perdoa sempre!

           Quanto mais tu perdoares,

            Mais te assemelharás aos Deuses!

 

             Deixe o perdão e a modéstia guiarem os teus

             Atos e, distante das aflições da alma, sentirás

             Mesmo entre as mágoas e o nada: a fragrância

             Das acácias ludibriando procelas, e teus olhos

             Reluzirão como a ver o fluir de cristais

              À flor da terra!

 

 

                                               Antenor Rosalino

    

 

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

SUBLIMAÇÃO

 



A brisa mansa vagueia

Nas tardes do meu rincão,

Trazendo o aroma que enleia

Meu estro de inspiração.

 

Vejo as pétalas na roseira

Flamejando-se ao ar

E o sol poente permeia...,

Convidando-me a sonhar.

 

Na vida dial, neurastênica,

Sou assim: um sonhador!

Sonho paisagens edênicas

Com ninfas e mimos em flor.

 

 Quando me ponho a sonhar

 Em aquiescente langor,

Deixo o coração aflorar

Dourados construtos de amor.

 

A natureza impoluta

Descortinando o seu rit

Enleva meu ser dissoluto

 Às lendas, paixões e mitos.

 

 Só não atino na vida,

Com alaridos, guerras e ágmas

Que transformam chuvas de mísseis,

Em púrpuras torrentes de lágrimas.

 

 

                       Antenor Rosalino