Com olhar nostálgico, detive-me, por alguns
instantes, defronte a um pequeno terreno, no centro da cidade, observando um pé
de carambola com dezenas dessas frutas já amadurecidas, formando pêndulos que
mais pareciam uma constelação, tendo em vista o formato dessas deliciosas
frutas amarelas que se assemelham a estrelas.
Muitas foram as lembranças que me vieram à
mente naquele momento. No meu tempo de criança essas frutas eram vistas
facilmente e em abundância, assim como ocorria em tempos mais distantes, em
relação aos araçazeiros que deram origem ao nome da cidade de Araçatuba, por
serem vistos em grande quantidade por essas terras. O fruto do araçazeiro tem o
nome de araçá que vem da língua Tupi e significa “planta que tem olhos”, em
razão de suas pétalas que dão aparência de um olho no fruto.
A carambola, por sua vez, devido ao seu lindo
formato é chamada de “star fruit” em inglês. É uma fruta exótica, mas seus
benefícios para a saúde são reconhecidos, cientìficamente, por conter diversas
vitaminas, como aquelas dos tipos A e C e algumas do complexo B.
Entretanto, há informações de que
universidades norte americanas e brasileiras, afirmam que a carambola contém
uma neurotoxina que não existe nas outras frutas, e que essa toxina teria sido
catalogada pela Universidade de São Paulo (USP) como caramboxina em uma
pesquisa, que comprova os efeitos maléficos dessa toxina que pode afetar os
nervos e também o cérebro, sendo, igualmente, perigosa para pessoas com
problemas renais ou de diabetes, mas segundo a University
Malaya Medical Centre
essa toxina não afeta pessoas saudáveis, uma
vez que o próprio organismo se encarrega de eliminar tais substanciais
prejudiciais.
Não tenho
qualquer registro de algum incidente ou que alguém tenha, sequer, passado mal
por comer carambolas. Pode até ter ocorrido algum caso esporádico, mas nunca
tive tal conhecimento.
Hoje, com certeza, pensaríamos bem antes de
desejar colhermos carambolas, ou faríamos alguns exames médicos para saber se
nosso organismo aceita o seu consumo.
Contudo, as lembranças são gratas de quando
os dourados raios de sol flamejavam divisando as flores brancas e púrpuras das
caramboleiras ornamentando os quintais e jardins.
O título que empreguei nesse texto remete a
uma antiga marchinha carnavalesca intitulada “Touradas em Madri” interpretada
pela imortal Carmem Miranda em que ela utiliza num determinado momento, a
expressão: “caramba, caracolis”, e que eu as demais crianças, em vez de
caracolis, dizíamos “carambolas...”
Que bom seria se a toxina dessa fruta fosse
apenas “conversa mole para boi dormir”, cujo termo, grifado, a cantora diz
também na própria música, com a graciosidade de sempre.
Que
sorte eu e tantas outras crianças tivemos quando passávamos bastante tempo
desfrutando do doce sabor dessas frutas, esbaldando-nos com as delícias dessas
estrelas amarelas que cresciam no céu dos galhos das inúmeras árvores
caramboleiras que havia no chão do nosso passado.
Autoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet
Autoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet