quinta-feira, 29 de abril de 2021

SÓCRATES DE ATENAS


     

                             

            Com o pensamento envolto

            pela bruma invisível da virtude,

            da ética e da filosofia moral,

            fundamentou sua existência

            no memorável lema:

            “conhece-te a ti mesmo!”

 

            A pureza de sua alma liberta,

            desconhecia preconceitos ignóbeis:

            dialogava com pobres, ricos, mulheres,

            escravos... Daí a razão de ser taxado

            pelos detentores do poder:

            “perversor da juventude”;

            custando-lhe isso,

            o holocausto da própria vida.

 

            Buscava ao raiar de cada dia,

            o aprimoramento da virtude...

            Viveu com humildade,

            notadamente reconhecida

            em sua imorredoura frase:

            “Tudo o que sei é que nada sei!”

 

            Nada deixou escrito...

            Talvez, em sua sapiência,

            desejasse trazer à luz que,

            mais do que as letras,

            os atos e os exemplos ficam.

 

            Perece, assim, o grande sábio:

            serenamente, sem recusar a taça

            do amargo e cruel veneno;

            mas seu exemplo de vida e sua doutrina

            ficarão como obra imortal

            na galeria dos eternos,

            que o tempo jamais ruirá.



                                           
Antenor Rosalino

quarta-feira, 14 de abril de 2021

O SENTIR POÉTICO

    


    Os sonhos se avolumam na visão do poeta

    que vê o mundo por ótica diferente, com

    sentimentos vindos do mais profundo do

    seu âmago numa ansiedade incontida,

    cristalina e pura no afã de exteriorizar o seu

    sentir em versos ou em prosa sempre com o

    intuito de fazer brotar nos corações o sentido

    real da benevolência, da gratidão e de um

    olhar mais atento às inenarráveis belezas e

   dádivas que a natureza nos oferta.

 

    Segue o poeta os seus sonhos benfazejos...

    Eventuais críticas não detêm o seu ideal e

    até as aceitam para melhor reflexão sobre a

    ótica de cada individualidade. Reflete,

    sobretudo, com a serenidade que nunca o

    abandona, sobre as nuanças, incógnitas dos

    ocasos e inevitáveis situações adversas e, por

    vezes, doídas que não podemos evitar. O sofrer

    alheio o comove e sofre também em esperança

    de um porvir mais ditoso, distante das

    desumanidades, do planeta poluído e da terra

     cada vez mais calcinada e triste.

 

                                      Antenor Rosalino

 

 

 

 

 


quinta-feira, 1 de abril de 2021

PANDEMIA


        Em tempos de pandemia

        O infinito fica triste

        E acinzentam-se as estrelas.

        Ah!  Se o mundo revestisse

        O brilho da natureza

        Sem o pesar que coexiste...

 

        No tempo assim tão cinéreo

        Ofuscam-se os arredores

        Não vejo o apogeu das flores

        Que emolduram altares-mores.

        Entre os olhares tristonhos

        Findam-se todas as odes.

 

        O vírus fatal se avizinha

        Dos sertões e das cidades

        Não escolhe suas vítimas

        Não lhe atinge as tempestades.

 

        A poesia pranteia,

        Porém insurge esculpida

        E traz, apesar de tudo,

        A esperança refletida

        Nos sorrisos das crianças,

        Nas lembranças mais queridas.

 

        Tudo passa nesta vida:

        Flores, plantas, animais...

        Porém, nosso ser eterno

        Não nos deixará jamais.

 

        Os cuidados necessários

        Não são por todos lembrados

        Daí o pranto, as angústias

        E o vazio do choro amargo.

 

 

                          Antenor Rosalino