sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O CREPÚSCULO DA VIDA



 A voz quase sempre ausente e rouca

 Murmura palavras em monossílabas

Lentas, tristonhas,

Buscando em desalento

O carinho dos entes queridos

À sua ansiedade louca.

 

Ânsia de melhor ouvir,

Sentir e sonhar

Novamente os encantos

Das quimeras e lembranças

Tão vívidas em seu olhar!

 

 Suas mãos cansadas e trêmulas,

 Pousam sobre o encosto

 Da velha cadeira vermelha...,

 O mesmo vermelho a confundir-se

 Vez por outra,

 Com a luz do seu olhar

 A marejar!

 

  As emoções do presente

  Não trazem, como outrora,

  A alegria, o esplendor do porvir

   E suas vertentes.

   Apenas lembranças..., ternas lembranças

   De um risonho amanhecer...

   De tão longínqua aurora!

 

   Seu caminhar é lento, indeciso.

   O seu sorriso é brando

   Entre as rugas a se untar,

   Mas a serenidade é vívida

   Tal qual, a suavidade do seu olhar!

 

     Depusera dos sonhos e da ilusão

     Para viver, enfim,

     A indizível quietude

     Do tempo em refração.

 

                                        Antenor Rosalino

sábado, 15 de agosto de 2020

VESTIBULANDO


        A decisão emanada é elogiável!

        Sua mente não mais divaga:

        é concentrada, fixa 

        no sublimado ideal

        do sonho universitário.

 

        Suas mãos cansadas e suadas

        seguram a inseparável caneta

        a deslizar em simétricas formas

        a grafia delineada

        em azul da cor do céu!

 

        Ultrapassa os obstáculos,

        um a um...,

        com aflorada esperança

        refletida no seu olhar

        inquieto, absorto

        na árdua morfologia,

        nos complicados

        cálculos matemáticos,

        em íngremes dados estatísticos

        e teoremas ardis.

 

        Envereda nesse prisma:

        Escondendo o doce pranto,

        enxugando o seu suor!

 

        Ludibriando catáforas,

        segue seu caminhar indulgente,

        aprofundando as análises

        com fé inquebrantável

        na altruística decisão

        de reconstruir um mundo novo...

        E brilhar!

 

                                                     

                       Antenor Rosalino

  

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

PAI E FILHO

                

                         

Dois amigos, porém, um elo a mais:

Uma mescla de ternura e respeito

Tão profundos que transcende.

 

Entreolham-se.

Seus olhos orvalhados são fontes represadas

De agridoces que a vida traz.

 

São cúmplices pela vida afora:

No bálsamo da alegria

Ou na dor que o pranto arrola.

 

Aprendem um com o outro nas vicissitudes:

Os conhecimentos da experiência vivida

No fulgor da juventude que espera.

 

                          Antenor Rosalino