A voz quase sempre ausente e rouca
Murmura palavras em monossílabas
Lentas, tristonhas,
Buscando em desalento
O carinho dos entes queridos
À sua ansiedade louca.
Ânsia de melhor ouvir,
Sentir e sonhar
Novamente os encantos
Das quimeras e lembranças
Tão vívidas em seu olhar!
Suas mãos cansadas e trêmulas,
Pousam sobre o encosto
Da velha cadeira vermelha...,
O mesmo vermelho a confundir-se
Vez por outra,
Com a luz do seu olhar
A marejar!
As emoções do presente
Não trazem, como outrora,
A alegria, o esplendor do porvir
E suas vertentes.
Apenas lembranças..., ternas
lembranças
De um risonho amanhecer...
De tão longínqua aurora!
Seu caminhar é lento, indeciso.
O seu sorriso é brando
Entre as rugas a se untar,
Mas a serenidade é vívida
Tal qual, a suavidade do seu olhar!
Depusera dos sonhos e da ilusão
Para viver, enfim,
A indizível quietude
Do tempo
Antenor
Rosalino