sexta-feira, 29 de novembro de 2013

TEMPORAL

                                      

                                                       
   

   O dia surgiu ostentando um céu cinéreo e triste.
  Através de procissões de vidraças, olhares perscrutadores fitam amedrontados a força intempestiva do vento inclinando e até derrubando frondosas árvores, enquanto gigantescos rodamoinhos se unem em espirais de poeira, impedindo a livre movimentação corriqueira dos transeuntes em seu cotidiano.
  As centelhas luminosas dos raios aumentam sempre mais o fulgor, como a prenunciar algo ainda mais devastador.
  Após o prenúncio desolador, a chuva cai! O seu fluxo aumenta sempre mais, na mesma proporção da ventania que se alastra arrastando penachos pelo negro e deslizante asfalto, agora transfigurado pela terra avermelhada e pelas folhas e flores mortas caídas em abandono e deslizando em aclives e declives para alojar-se principalmente e de forma mais intensa e consistente,  em tubulações e bueiros, sobrecarregando-os e causando entupimentos e desvios do fluxo das águas, aumentando assim as preocupantes inundações e impedindo o trânsito dos veículos que formam filas intermináveis de congestionamentos, impossibilitando a frequência normal dos estudantes às suas escolas e diminuindo sensivelmente as compras e vendas comerciais.
  A cidade vive um dia de caos. As águas torrenciais caem em profusão, sem tréguas e parece não ter fim. Os bairros periféricos são castigados impiedosamente e as pessoas transtornadas e apreensivas presenciam a tudo, sem nada poder fazer. Os corações aflitos aceleram o seu pulsar, temerosos de que algo possa acontecer com suas frágeis moradias e se apegam em sua fé inabalável, buscando a proteção dos céus para que nada de mais grave venha a ocorrer em suas vivências de desamparo e sacrifícios.
 Aterrorizados pelo cenário desolador, os suburbanos observam, vez por outra, a luminosidade dos raios sempre seguidos pelos estrondos ameaçadores dos trovões. As crianças assustadas perdem a vivacidade e o desejo de brincar; os pássaros afugentam-se em seus ninhos...  Nas encostas dos morros a terra desliza e os torrões descem ladeira abaixo, arrancando árvores, destruindo plantações e desmoronando até mesmo alguns casebres que insistem em continuar pendurados nos morros, como a pedir socorro aos céus pela desventura dos pobres moradores.
  Assim como a fúria das enxurradas, o dia passa disseminando apreensões, aventando incertezas e aprofundando reflexões e questionamentos sobre a preservação ambiental que urge como nunca. E nesta aflição e temeridade, as pessoas se unem em prece, na esperança de que uma mão benigna e invisível abafe o vento intempestivo e, como numa divisão de mundos, as cortinas da noite tragam a paz desejada a todos os corações e um novo dia de sol devolva o rito harmonioso e contínuo da vida no seu apogeu maior.


Autoria:  Antenor Rosalino

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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SENTIMENTO POÉTICO





Quando o meu prisma se faz poético,
                                   Vejo taças de sol poente
No brilho de cada olhar.
No céu rutilam estrelas
Como um tear de cristal!

Quando os passarinhos insurgem
Em acrobáticas magias
Principiando os seus cantos
Em dias de ventania,
Vejo o mundo transmudar
Longínquos rincões tristonhos
Em eldorados felizes
De infantes sonhos risonhos!

Quando a noite me alucina
No magneto do plenilúnio,
A comoção me domina
E me sinto um deus-menino.

Quando iluminados sorrisos
Despojados de amarguras
Derramam calientes brilhos,
Os meus olhos fazem festa
Buscando descobrir a fonte
Onde dormem os eflúvios
Dos sentimentos poéticos.



Autoria: Antenor Rosalino

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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ANJOS



        
                                        


                                    No florir das orquídeas
Entre o arrulhar festivo dos passarinhos
Reinvento a minha vida
Dando adeus à litania!

Com a mesma singeleza
Das asas de uma borboleta,
O teu sorriso inocente
Faz-se pleno, intensamente!

Tudo para neste instante
De doce e leda divícia,
E nossos olhares em baila
Retratam a hora suprema!

No infinito das estrelas
Num realengo de emoção,
O porvir em estro lastro
Eternizará nossa união.

E no curso estelar supremo
Beberemos da fonte de amores
Desnudados de impurezas calientes
Para sermos anjos, somente.



Autoria:   Antenor Rosalino

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PENSAMENTOS

  
   
Penso ser impossível definir o amor de forma mais precisa do que concordarmos de que se trata do desejo mais ardente de vermos a pessoa amada feliz, independente de circunstâncias que nos são favoráveis ou não, Daí tratar-se do mais sublime sentimento que há, pois não visamos recompensa alguma. Amamos e pronto! 


      A poesia é a voz da alma no seu tom maior.


    É possível que um recomeço afetivo perdure para sempre, mas, para isso, o amor deve ser grandioso demais, pois é muito difícil postergar as cicatrizes de uma vivência que vislumbrou apenas como uma mera ilusão


    Quanto mais fineza de trato um homem dedica às mulheres, mais admirável é o seu caráter.


     A vigilâncias constante do pensamento no afã de vivermos em paz, é o único caminho que nos leva a aproximarmos dos deuses.


     A eternidade espera o que Deus uniu para sempre. Vivamos, pois, cada fase da vida, como resignação e o coração aberto e límpido tanto para os prazeres quanto para as desventuras.


       Às vezes, ostentamos algo por vaidade, outras vezes é apenas em razão deste algo estar latente no âmago e desejamos somente o compartilhamento da alegria com as pessoas que amamos.


      A política é uma necessidade e traz contextos de harmonia, respeito e bem estar social. Já a politicalha é puramente pretensão de vantagens financeiras, sem considerar os deveres e obrigações para com o próximo, cujas consequências são funestas para o país e a consciência dos corruptos sempre trarão tortura insuportável no apagar das luzes de suas existências inúteis.


        Os jovens que não admiram as obras e vivência exemplares das pessoas idosas, nunca chegarão a ser adultos íntegros, pois também não saberão apreciar as obras imortais dos antepassados.


        A vida nos ensina que, quanto mais sapiência adquirimos, mais nos conscientizamos do quanto temos a aprender. 



Autoria:   Antenor Rosalino
     
     






  

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

HORIZONTE LIBERTO




                                         

A tarde traz fulgores de uma poesia ébria.
Em faiscantes mimos.
Os passarinhos gorjeiam entre penumbras
Num ritual de cândida magia!

Pela fresta da janela entreaberta,
Vislumbro o sol da liberdade
Num horizonte longínquo
Onde perpetuam os momentos findos.

Purifico o meu pensar nostálgico
Nesta hora de plena harmonia
Da minha alma liberta
Com o esplendor da poesia!

Renasço a cada momento
Incólume ao passado,
Nem os meus cabelos brancos
Retratam difusas mágoas.

Os sonhos fragmentados
Já não invadem minha alma
E meus olhos são desertos
Por não possuírem mais lágrimas.



Autoria:  Antenor Rosalino

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DAR AS MÃOS



                                                   
                                                                   

 Não há nada que demonstre de forma mais decisiva a sublimidade da solidariedade humana, do que o ato de dar as mãos.
  O aperto de mãos tem significado especial tanto nos encontros circunstanciais quanto em ocasiões que requer formalidades.
  Além de traduzir a afabilidade do encontro de almas, o gesto de postura ereta e espontânea no entrelaço das mãos, retrata elegância e princípios morais.
  Há estudos científicos comprobatórios de que o calor afetuoso de um abraço é salutar para o organismo humano. Sendo assim, podemos deduzir que o aperto de mãos, por ser a representatividade viva de união entre as pessoas, certamente deverá ser tão benéfico para o corpo físico e para a alma, como o magnetismo envolvente de um abraço.
  Este ato sublime de consideração e respeito entre as pessoas deveria ser mais usual e não ser manifestado apenas em ocasiões especiais, mas sim, sempre que encontrássemos os nossos parentes, amigos e conhecidos nos lugares mais diversificados, sem esquecermos de trazer sempre no semblante , um sorriso transparente e vívido, para denotar ainda mais a nossa alegria e entusiasmo pelo prazeroso contato, cuja demonstração de alegria fortalece ainda mais os laços afetivos.
  Aliado a esse magnetismo envolvente de ternura, é de fundamental importância que haja sustentabilidade na condução desses laços de afeto para assegurarmos um futuro de paz.
  Temos observado com certa freqüência alguns líderes mundiais darem as mãos em esperançosos acordos de paz como, por exemplo, o que ocorre de tempos em tempos entre palestinos e israelenses sob os olhares conciliadores e sempre perscrutadores dos integrantes das Organizações das Nações Unidas, mas, muito lamentavelmente sempre recomeçam as desavenças; os acordos são estremecidos e os apertos de mãos que deveriam ser o início do caminho definitivo para a paz desejada, passam a ser apenas uma página virada de insignificância postergada.
  Observamos que, além de toda a significância e beleza dessa atitude humilde e delicada em qualquer circustância, há uma transmissão recíproca de energia. É um gesto no qual a mudez fala mais do que as palavras, é como pedirmos aos semelhantes, a sua compreensão e observância para o quanto nós os admiramos e lhes queremos bem.
  O ato de dar as mãos pode ser comparado a um pedido de perdão que, como sabemos, é a arma mais mortífera contra atitudes intempestivas e odiosas de vinganças e incompreensões.
  Que as mãos estendidas entre as pessoas sejam, enfim, como o encontro das primaveras floridas com o alvor da luminosidade de um dia festivo de sol.



Autoria:  Antenor Rosalino

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domingo, 10 de novembro de 2013

CORAÇÃO LIBERTO



Nos recônditos de minha alma,
Guardo segredos de um sol distante.
E nas ondas calmas dos verdes mares,
Sigo com o pensamento em sonhos
Perdido na ilusão dos luares!

As nuances da alegria postergada,
Dera lugar às minhas reflexivas preces,
E o meu ser assim se esmaece,
Na imensidão dos crepúsculos
E no plenilúnio deste céu em festa!

No alvor das manhãs ensolaradas,
Na ternura do encanto crepuscular
Ou nas noites de plenilúnio
Minha alma se enternece lacrimosa!

Atravesso as madrugadas
Reinventando a liberdade...
Buscando ao léu novo estro
Entre oferendas na amplidão que acolhe
O pulsar do meu coração liberto.


Autoria:   Antenor Rosalino

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O vazio da minha ausência


     
           
                   
  
Por onde andares em teus dias de crisálida,
                       Os teus olhos brilharão em relances
Sob as selvas de granito e entre olhares perscrutadores.
                        Viverás alegrias e nuancem passageiras,
Mas o vazio da minha ausência estará presente
Permeando em jardins de encanto o teu coração-criança.

Não viverás os donaires dos serenos buquês
                        Onde o silêncio das rosas e orquídeas
                        Perfumavam os nossos caminhos,
                        E nas alamedas do teu pensar
                        Não conseguirás tirar os desenhos
                        Do meu eterno amor bordado em tuas vísceras!

                        Os poemas líricos que te dediquei
                        Nas noites onde os candelabros faiscavam
                        Sob a luz de estrelas rútilas, estarão presentes
                        E os teus sonhos mesmo distantes,
                        Nas madrugas tristes e vazias
                        Serão somente meus para sempre, meu amor.



                        Autoria:  Antenor Rosalino

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sábado, 2 de novembro de 2013

OS SERESTEIROS



                                                             
                                                                       


 Há décadas, a população de Araçatuba vem tendo o privilégio de vivenciar vez por outra, principalmente em ocasiões festivas, apresentações das mais pitorescas e apaixonantes de um grupo de seresteiros, denominado Grupo Amigos da Seresta.
 
  Esse maravilhoso grupo foi fundado no outono de 1987 pelos seguintes seresteiros: Aurélio Rosalino, meu mano, Renato Costa Monteiro, Geraldo Monteiro, Walter Tinti e Eliseu Carlos Martins, entre outros, e tem como madrinha a seresteira Maria Regina Rocha (de direito, o grupo passou a funcionar em 27 de fevereiro de 2013). É composto atualmente por 32: 
músicos, seresteiros e seresteiras, sendo que o mais jovem, o músico e tenor Rafael Zago, possui apenas 22 anos de idade.

   Como já era de se esperar, paulatinamente o grupo foi ganhando força e sendo merecidamente reconhecido em toda a região pelos seus shows de altíssimo nível, que têm o poder de remeter os privilegiados espectadores aos tempos inesquecíveis da velha guarda, em que os imortais nomes da música popular brasileira, com seus sucessos de inenarrável romantismo, arrebatavam os corações de todos os brasileiros.

    Além de fundador e coordenador, Aurélio Rosalino assumiu também o cargo de produtor dos eventos, tendo inserido nova formatação aos cenários que, agora, é alusivo às serestas de outrora, e, principalmente, buscando parcerias, como, por exemplo, com a Academia Sandro’s Dance. As aberturas dos shows com coral e declamações de poemas, também são inovações que reportam os espectadores aos sarais dos tempos em que o romantismo e o lirismo eram marcantes nas rodas de seresta.

   Tais alterações foram enriquecedoras, pois tornou possível apresentar num mesmo show um pouco da nossa rica literatura, a lira das músicas do passado e o glamour da arte da dança em ritmos raros nos dias atuais, como tango, fox, rumba, valsa, samba, chorinhos e até marchinhas dos antigos carnavais.

    Para o maior encantamento dos shows, o grupo também diversifica o repertório, apresentando lindas canções da jovem guarda, trazendo recordações do colorido jovial da época de então. Cito como exemplo, a última apresentação do grupo que brindou o público com a presença do cantor Manuel Marcos, filho do saudoso cantor e compositor Antonio Marcos, cuja semelhança com o pai é admirável em todos os sentidos e configurou-se num show à parte.

    As belíssimas declamações poéticas ficam por conta da escritora e acadêmica Cidinha Baracat que também encanta a plateia com a singeleza e o lirismo que a caracteriza.

    É oportuno deixar aqui patenteado os nomes queridos de todos que integram esse magistral grupo de talentosos seresteiros. São eles: Agnaldo Cardoso, Ana Lúcia, Antônia Andreoti, Antonio Carlos Lopes, Augusta Collichio, Aurélio Rosalino, Beltrão da Silva Santos, Cidinha Baracat, Deana Inazawa, Elaine Alencar, Geraldo Monteiro, José Claudio Hilário, José Hamilton Brito, José Renato Gimenez, José Soares, Lúcio Collichio, Maria Helena Ferreira, Marcelo Verga, Maria José, Maria Lúcia, Maria Regina Rocha, Maria Rosa, Marilurdes Martins Campezzi, Neide Lopes, Osmar Ferreira, Osvaldo Miranda, Paulo Cesar Boato, Rafael Zago, Regina Rocha, Suely Rodrigues, Vitor Delabarba, Walter Renato Gonçalves e participações especiais de dançarinos da Academia Sandro’s Dance, a saber: Claudio Rocha, Danilo Ferrer Almeida, Isabela Goloni Batista de Almeida, Julio Manzatti, Mariana Martinez Silva, Regina Aparecida Carini, Sabrina Brambilla Rodrigues Almeida e Sandro Penteado Fabretti.

 Com pesar, menciono o nome do eminente e saudoso médico Renato Costa Monteiro, um dos ícones da seresta local, cujo passamento, há alguns meses, deixou um hiato triste na harmonia da seresta e no coração dos amantes da boa música do passado.

    O Grupo Amigos da Seresta representa para Araçatuba o mesmo que os “Demônios da Garoa” representam para a cidade de São Paulo. Esses seresteiros encantam as multidões de maneira cada vez mais crescente, como se iluminassem candelabros de emoções em encantadas noites de luar.



Autoria:  Antenor Rosalino

Imagem de integrantes do Grupo da Seresta