terça-feira, 25 de março de 2014

NUVEM DISPERSA


           


Nas longas horas tardias eu a procuro
Mas ela é sempre misteriosa e fugidia.
Desejo tanto a sua presença, mas, para
A minha tristeza, são longas as suas ausências.

O meu ser se esmaece na solidão que se faz
A cada momento que me aflige
Na busca incontida pelo bálsamo
De suas gotas de cristal!

Eu te amo, nuvem branca dispersa ao léu...
Venha banhar a terra em plenitude
Para que as sépalas nos cântaros

Floresçam viçosas e belas inundando o mundo
Num esplendor de estesia
Como as cachoeiras em escarcéus.



Autoria:  Antenor Rosalino

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sábado, 15 de março de 2014

AMIGA






Amiga, neste momento em que a natureza
Redesenha fulgores de encantamento,
Aproximo-me de ti, despojado de angústias...
E com o coração inerme, trago em minhas mãos
Lívidas e marcadas, o melhor que tenho em mim
Para ofertar-te antes que seja tarde demais.

Deixo na ágape de ternura que sempre nos uniu,
A esperança de ver, em todos os momentos de tua vida,
Os teus olhos marejarem de alegria, iluminando o teu
Sorriso aberto, encantador, angelical!

Descansarei os meus olhos na profundeza do teu olhar
E beberei, da fonte oculta da tua singeleza,
As delícias represadas sob o manto azul que te diviniza!

E assim, na união de nossas almas,
Distante de sensações frias, eu te prometo, amiga,
Estarei presente física ou espiritualmente
Nos teus momentos felizes.
E se os teus sonhos se contorcerem, entrarei em teu silêncio
                       Para amenizar as amarguras inglórias
                       E resgatar a poesia perdida nas ilhas da tua aurora.



                       Autoria:   Antenor Rosalino

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sexta-feira, 14 de março de 2014

ESTIAGEM

                           

                                                          
                       


        O firmamento transmuda-se, as nuvens de alfenim desaparecem.
        O calor causticante assola as cidades
        E os campos se tornam casa vez mais áridos.

        Não há vestígios de que uma gotícula cristalina e pura venha
        Laurear as sépalas das flores ao se abrirem nos jardins e cântaros
        E trazer inspirações aos corações poéticos.

        Oh! Chuva venha dissipar esta estiagem alongada
        Que faz com que a natureza se entristeça
        Tornando soturna a realidade presente.

        Os corações uníssonos em exaustão e delírios angustiantes
        Buscam em atos líricos um arroubo de magia
        Nas veredas desenhadas pelas águas ribeirinhas.



         Autoria:  Antenor Rosalino

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domingo, 2 de março de 2014

O ADORMERCER DA POESIA


                                            
                                 
        

           A poesia adormece lânguida na alma do poeta.
Mas isso o faz insone no transcorrer das breves horas
Em que a nostalgia se avulta e acarreta
O eflúvio dos versos em sonolência mórbida.

A exaustão presente nas noites e dias,
As tentativas das buscas e a inquietação latente
Traz no silêncio a inspiração, às vezes, fugidia.
E há vazios que o permeiam como estrelas cadentes.

Centelhas hipnóticas da clara luz do plenilúnio
Misturando-se com soturnos hiatos obscuros
Levam-me a perguntar por que se esconde o que o sentir traduz.

Estariam os versos aprisionados em pesadelos e infortúnios?
Ou estaria a sensibilidade esperando o momento rútilo
Para cristalizar-me na poesia da natureza que reluz diamantina?



Autoria:   Antenor Rosalino

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