sábado, 26 de setembro de 2020

PERFÍDIAS


Não posso calar-me ou suprimir

um ato de neurastenia, ao constatar 

nas multidões pusilânimes,

o coro dos injustiçados,

os suspiros de elegia

ante as faltas de justiça

e de julgamentos equânimes!

 

São profundos sentimentos 

de melancólica astenia,

ao constatar-se as barbáries

crescentes a cada dia,

 

advindas dos privilegiados,

abastados de hipocrisias,

ou daqueles cujas vidas 

 retratam apenas perfídias.

 

Proliferam-se os atos corruptos...

As instituições se enfraquecem,

enquanto o respeito humano

pouco a pouco desvanece!

 

 O vandalismo anelante

 das facções de sandice

 anulam os poucos espaços

 da beleza urbana restante,

 enquanto os donos das guerras

 aumentam suas girices.

 


                      Antenor Rosalino

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 12 de setembro de 2020

A CALÇADA




Na calçada há tanto pisada,

Os rastros e marcas passadas

De delícias represadas,

Remetem os corações

De maturidade agastada,

 Aos sonhos da inocência,

 Das primícias e das fábulas!

 

 Acompanha a minha calçada

 De pisares, desgastada,

 Sua fiel companheira:

 A sarjeta fria e sólida...,

 Das multidões, ignorada!

 

 Suporta ingratas procelas

 Supera o tristonho invernar!

 Abraça o sol que lhe abrasa

 Ou a chuva a deslizar...

 

 Não contenho cálidas lágrimas,

 Quando me ponho a pensar

 No primaverar de madrigais,

 Nos jogos de botões

 E rabiscos na calçada...

 Alegrias sem iguais!

 

Pisando nesta calçada

De malmequer desfolhado:

 Tenho o coração pranteado,

 E a alma despedaçada

 De saudades afloradas.

 

                  Antenor Rosalino