Assim como o vôo livre dos albatrozes
singrando os mares, a música invade nosso ser e nos arrebata a horizontes de
sonhos. É uma arte sem igual e remonta a anos longínquos.
Não há dúvida de que muitos são aqueles que,
não sendo possuidores de audição, dariam tudo para ter o privilégio de
deleitarem-se ao som de uma boa música usufruindo desse sentimento humano dos
mais sublimes que tanto fala ao coração.
Para aquilatarmos o quanto a musicalidade
está presente em nossa vida, basta lembrarmos o que seria a entrada de nubentes
na igreja para a consumação do enlace matrimonial sem o som característico de
uma música, principalmente daqueles clássicos musicais de maior tradição.
No alto das minhas muitas décadas de vida,
ainda guardo, vividamente, as lembranças das tardes de domingo em que o som da
Jovem Guarda dominava a alegria reinante da juventude de então.
Notadamente, o tempo não consegue apagar de
nossa memória a música I'm Kissing You – tema do filme Romeu e Julieta. As
músicas ajudam os filmes a contar suas histórias. E são tantos outros temas de
filmes históricos, novelas, etc. que seria impossível descrever tantas
lembranças queridas.
Muito dificilmente não encontramos nos
momentos inesquecíveis o som comovente e enternecedor de alguma música, como os
concertos de Mozart e Beethoven.
Temos também os hinos que exaltam o
sentimento de nacionalismo. E até mesmo as letras musicais rebeldes e/ou
inconseqüentes são reconfortantes tendo em vista a imensa diversidade dos
gostos musicais, como as músicas de nossas raízes e os sertanejos atuais, os
tangos, boleros, sambas e as apoteóticas marchinhas carnavalescas.
Para os amantes do futebol, que não são
poucos, é um desfraldar de emoções a execução pelas bandas dos hinos dos
clubes. Faz com que a alegria seja completa na esperança da vitória nas quatro
linhas.
Aprofundando um pouco mais nesse tema,
podemos citar até mesmo que nossa fé crística se avulta quando ouvimos músicas
sacras contemplativas.
Para finalizar cito também aqui um exemplo
doméstico: em Araçatuba, quando das magníficas apresentações nostálgicas do
Grupo Amigos da Seresta, a platéia lotava os palcos do Teatro Municipal Castro
Alves e, da mesma forma, isso ocorria quando havia essas apresentações em
outros locais públicos. E são muitos outros eventos musicais que fazem com que
essa arte vital reconforte nossos dias, tanto em nosso lar quanto nas ruas.
Afloram-me à mente, inclusive, as cantigas de
ninar e tenho em mim, que, é impossível acreditar que alguém não goste de
música, cuja arte, por toda sua fantástica magia se afigura como sândalo
reconfortante a permear nossas vidas, como a própria música do vento em
premissas de vendavais.
Antenor
Rosalino