domingo, 25 de outubro de 2020

DOIS AMORES


Na saudosa aurora de tempos idos,

meu coração inocente

 - distante das máculas, hoje presentes -,

dividia-se angustiante

entre duas senhoritas.

 

Uma delas era Jéssica

 - linda loura e um tanto sedutora.

A outra era Letícia

 - morena cheia de encantos,

coberta da timidez

que o seu olhar refletia.

 

 Numa tarde de domingo

 quando então eu me afligia,

 decidi que a bela Jéssica

 era a mulher que eu queria.

 

 Conforme passava o tempo,

 fui porém me convencendo que,

quem de fato eu queria

era a tímida Letícia!

 

 Desfiz então o romance

 e procurei por Letícia:

 tarde demais...

O seu coração já pulsava,

Agora,por outro rapaz.

 

Fiquei então longo tempo,

perdido em melancolia:

Jéssica foi passa-tempo

e Letícia..., meu desencanto!

 

            Antenor Rosalino

 

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

INOCÊNCIA

 

 

No mundo feliz dos seus sonhos

- construto da mente infantil -,

Põem-se a brincar a criança,

Como um anjo em seu perfil.

 

Alheia às intempéries da vida,

No quintal a devanear,

Tem a mente em fantasia

E olhos angelicais.

 

De repente, o tempo muda

Com prenúncio de vendaval

Surge, então, um arco-íris

Inebriando o seu olhar.

 

A criança feliz se agita,

Aponta para o arco-íris e diz à mãe:

- Veja só, minha mãezinha,

O que Deus pintou no céu.

 

                      Antenor Rosalino

 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

ENTREOLHARES


Para ver a negra noite, tão bela...,

E o cirandar das falenas:

Não espero o pôr do sol

Ponho-me a fitar apenas

Os negros olhos de Helena!

 

 Se pretendo ver o mar

 De verdejante amplidão

 Abraçando a doce brisa:

 Repouso o meu olhar inquieto

 Nos verdes olhos de Eliza!

 

  Quando quero ver o céu

  De infinito azul edênico,

  Cintilando magnânimo as dunas e colinas:

  Fico calmo a contemplar

  O olhar azul de Cristina!

 

   Para ver o castanho crepuscular

   Emoldurar desertas praias,

   E o sol amendoado cintilar os caracóis:

   Entranho meus vívidos olhos

   No castanho olhar de Sol!

 

    O meigo olhar das mulheres:

    Divas, damas, colombinas, doidivanas,

    Maria’s,  Ana’s,  Letícias, Aline’s,  Luana’s ...

    Fragmentam-se em cores

    E deixam meus olhos assim: furta-cores!

 

 

                                 Antenor Rosalino