Pai, trago
em minhas mãos marcadas e lívidas
As
lembranças rebuscadas do teu passado
Que o tempo
em suas nuanças ininterruptas
De alegrias
e tristezas não as consegue dissipar.
Ah! Meu pai:
seleiro e sapateiro...
Tão trabalhador
e honesto. Enérgico e, ao mesmo tempo,
Sereno e
sensato em tuas firmes decisões.
Que saudades de ti, meu pai!
Fostes dormir
naquela noite fatídica de verão
E, pela
manhã, o estarrecimento: tu estavas morto, meu pai!
Quisera,
então, embalar-te em meus braços, mas eu, então, tão criança,
Não tinha
forças e estas se desvaneciam ainda mais
Com o pranto
de minha mãe, a abnegada esposa de toda a tua vida
Deixando
cair incontidas e reluzentes lágrimas no meu leito.
O
comerciante, fabricante de capotas para veículos, arreios
E calçados
para deficientes físicos se fora, num tempo em que
Tais
serviços tinham valor incomensurável!
Teu coração
o traiu, meu pai!
E o que
ontem eram dores tuas, hoje eu as faço dores minhas.
E me sinto
distanciando-me sempre mais da vida
Para
encontrar-te no teu refúgio de paz infinda
E esquecer
as minhas ilusões níveas..., perdidas.
Autoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet
Lindo e muito pungente!...
ResponderExcluirTodos temos uma história triste na vida para contar. E todas as histórias tristes são, ao mesmo tempo, tão bonitas!
As histórias tristes são sempre lindas mesmo, Ana. Intriga-me esse contraste. Grato e um terno abraço.
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