Reporto-me
aqui, como ilustração, a um fato curioso ocorrido na minha própria casa há
algumas décadas. Meus dois filhos estavam brincando, mas, de repente, se
desentenderam de tal forma que tive de agir de modo enérgico. Pedi a ambos, então, que ficassem de joelhos
num determinado lugar da casa, obviamente, por apenas alguns minutos. Acontece,
porém, que, um coleguinha deles que veio também brincar em casa e presenciou a
cena, imediatamente, após a minha ordem, dirigiu-se a mim de forma resoluta e
foi logo dizendo: “Se eles ficarem de castigo me deixa ficar também”. Ora,
imaginem a imagem que os pais daquela criança teriam de mim, ao ver o filho
sendo castigado na minha própria casa. Não consegui suportar o desejo de dar
uma boa gargalhada... Assim o fiz, e todo aquele clima indesejável acabou se
tornando motivo de sobejante alegria.
Com base
nesse exemplo, dentro da minha humilde compreensão, fico a imaginar o quanto
significa a felicidade de podermos contar com alguém que se preocupa conosco,
que se posiciona sempre a nosso favor na alegria e na tristeza, que anda, corre
e acompanha nossa jornada.
Muitos
são aqueles que se dizem amigos, mas, na verdade, poucos são aqueles que
podemos considerar na concepção da palavra.
O que é
notório nos dias atuais é o incrível aumento dos relacionamentos virtuais.
Evidentemente, todo e qualquer relacionamento, quando salutar, é bem–vindo, mas
este não substitui a proximidade física. Soma-se a isso, o fato de que, apesar
de podermos também estar presentes à distância, metafisicamente, trazendo a
pessoa querida dentro do coração, o distanciamento faz com que fiquemos bem
mais sujeitos a sermos enganados. Definir uma boa amizade, com quem vamos
caminhar junto, rir e chorar, suportar adversidades e continuar com amizade
inquebrantável sugere presença física.
Não estou
dizendo, com isso, ser esta a única forma de pensar a amizade, nem tampouco
insinuando que possa existir uma receita para que tudo dê certo. Apenas aponto
um pensamento, por ter me lembrando do caso do garotinho que, em sua atitude
pueril, naquela ocasião me fez rir e hoje faz com que brotem lágrimas dos meus
olhos por saber que, na hora da angústia, o amigo de verdade se torna um irmão.
Aiutoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet
Olá, Antenor. Uma linda crônica!
ResponderExcluirO que eu aprendi através das amizades, é que elas existem para que aprendamos mais sobre nós mesmos.
As amizades que passaram pela minha vida foram, quase todas, muito decepcionantes, mas eu não desisto.
Olá, Aninha! Muito obrigado pelo comentário. Aliás, fico muito feliz sempre que me deparo com suas sapientes palavras e suas referências ao meu aprendizado poético e literário.
ExcluirSurpreende-me saber que a maioria de suas amizades lhe decepcionaram, haja vista a docilidade do seu coração. Mas o simples fato de você não desistir demonstra toda a pureza de sentimentos que lhe caracteriza. Felicidades e um terno abraço.