Há muito tempo, já dizia Vinícius de Moraes: “As
muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Ouso dizer que discordo,
em parte, do imortal poeta nesta afirmativa. Ora, se a beleza física é algo que
desvanece tão rapidamente no transcorrer do tempo, tal fundamento perde muito
de valor.
Não há
dúvida de que, no fulgor da mocidade, a beleza corpórea arrebata corações, mas,
todo este atrativo jovial também se esvai como um meteoro a cair, e o que fica,
na verdade, são as virtudes e, principalmente, o caráter de cada um.
Não são
raros os casos de amores que começam de maneira desesperada, intempestiva,
motivados apenas pelas aparências e, num breve período de tempo, se desfazem
com o mesmo desespero quando o caráter é posto à prova.
Por
outro lado, muitos são os casos também de relacionamentos afáveis de amizade
sincera onde a beleza física não tem tanta importância; fica num segundo plano,
e, pouco a pouco, o zelo e o respeito mútuo fazem com que a amizade se
transforme em amor e este sim, se faz eterno, principalmente, quando permisto
com outros predicados essenciais.
Portanto, analogamente à idade física que pouco ou nada significa, a
beleza corpórea também nada representa diante da beleza espiritual, baseada em coerentes
e belas ações, o que torna a pessoa repleta de misterioso encantamento.
A amizade
é o sentimento que requer maior cuidado, pois é através das amizades que
descobrimos desde muito cedo a nossa verdadeira identidade, o nosso verdadeiro
ser transcendental, pois não nos importa a beleza física do amigo ou da amiga.
Mais
importante do que fazer amizades é o cultivo dos amigos, é mantê-los ao longo
de nossa vida. E se somos capazes da manutenção de boas amizades que nos
influenciam sempre mais positivamente, podemos concluir que temos também algo
de bom em nosso âmago, tendo em vista que as amizades são conquistadas com
atitudes morais relevantes, solidariedade e, quando necessário, palavras de
incentivo, apoio e carinho. Não há, sobretudo, preocupações com a beleza
exterior.
É sempre
bom lembrar, que, sendo o caráter, o fundamento maior de um bom relacionamento,
a sinceridade permeia esses laços afetivos e, em caso de justificar-se alguma
advertência, temos a obrigação, na qualidade de amigos, de mostrar a conduta
falha de nossas amizades, o que deve ser feito, obviamente, com a firmeza
devida, mas com esmero, clareza e fineza de trato.
Muitas
vezes deixamos escapar algumas boas amizades por razões contrárias à nossa
vontade. Nós nos afastamos ou o amigo se afasta por motivos não explicados ou
por falta de maior compreensão de uma ou de ambas as partes. Não deixemos que
tais circunstâncias sejam tão fortes a ponto de obstruir as raízes plantadas
por esses laços e sejamos sempre iluminados pelas centelhas principalmente
espirituais das pessoas que amamos.
Autoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet
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