sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

MEU PAI

 

Ao meu saudoso pai

                            

       

Pai, trago em minhas mãos marcadas e lívidas

As lembranças rebuscadas do teu passado

Que o tempo em suas nuanças ininterruptas

De alegrias e tristezas não as consegue dissipar.

 

Ah!  Meu pai: seleiro e sapateiro...

Tão trabalhador, honesto e enérgico,

Mas, ao mesmo tempo, sereno

E sensato em suas firmes decisões.

Que saudades de ti, meu pai!

 

Fostes dormir naquela noite fatídica de verão

E, pela manhã, o estarrecimento: tu estavas morto, meu pai!

Quisera, então, embalar-te em meus braços, porém, tão criança,

Não tinha forças e estas se desvaneciam ainda mais

Com o pranto de minha mãe, a abnegada esposa de toda a tua vida

Deixando cair incontidas e reluzentes lágrimas no meu leito.

 

O comerciante, fabricante de capotas para veículos, arreios

E calçados para deficientes físicos se fora, num tempo em que

Tais serviços tinham valor incomensurável.

 

Teu coração te traiu, meu pai!

E o que ontem eram dores tuas, hoje eu as faço minhas.

E me sinto distanciando-me sempre mais da vida

Para encontrar-te no teu refúgio de paz infinda

E esquecer as minhas ilusões níveas..., perdidas.

 

                                     Antenor Rosalino

 

 

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