sábado, 18 de maio de 2024

O SAPO

                                    

                                

À beira da estreita rua de terra umedecida pela chuva torrencial que lhe assolara, deleitava-se quieto, muito quieto, solitário sapo, sem imaginar o suplício do futuro a espreitar lhe.

  Seus grandes e vívidos olhos tinham luzes de pirilampos e brilhavam ainda mais, ao entreolhar curiosos garotos a lhe rodear.

  De repente: a tragédia! Os meninos lançaram lhe pesadas pedras e a cada pedra lançada, um salto a mais do pobre sapo, em sua  angustiante tentativa de desvencilhar-se da emboscada crucial.

  Esforços vãos: não suportando a intensa crueldade, pouco a pouco vai perdendo as forças e desfalece, enfim, numa poça d’água, lançando ainda um último olhar estupefato aos pequenos vândalos,como a entender e a perdoá-los.

    Ó Pobre sapo! Sua voz não é ouvida, mas o seu silêncio transmutará em dolente silvo de clamor, que ressoará por longo tempo na consciência dos garotos, fazendo-os repensar em profusão, sobre a tortura que lhe impuseram; e verão ainda, o  desabrochar de flores, no lugar do suplício de tão dolorosas pedras.

 

                                               Antenor Rosalino

 

 

12 comentários:


  1. Olá, meu amigo Antenor, que triste isso! Sabe, nunca entendi, mas longe esteve, de passar pela minha cabeça, algo semelhante, quando criança ou adolescente.
    Há poucos dias vi uma fila de enormes formigas na calçada do meu prédio e desviei - em dos toques elas morreriam. Mas por quê? Nada fazem de mal, apenas lutam pela vida.
    Agora, nessa nossa enchente aqui, vejo que a vida é uma coisa tão grandiosa (sem explicação) que não ouso matar uma formiga, muito menos um sapo, mesmo com sua aparência meio assustadora, mas bonito!
    Esse seu belo texto, além de muito educativo e sensível, mostra que para maldade não há solução. Aqui lhe aplaudindo, querido amigo.
    Um bom domingo, paz e saúde sempre.
    Grande abraço!

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    1. Caríssima Taís,
      Algo me dizia que. pela sua grandeza de alma, você teria muito carinho e cuidado com os bichos e animais, e isso se corrobora no seu belíssimo comentário e muito lhe agradeço pela sempre gentil atenção aos meus modestos escritos.
      A sua sensibilidade se avulta ante a catástrofe que trouxe imensuráveis infortúnios e dezenas de mortes a tantos de nossos irmãos gaúchos e você se diviniza, minha doce e querida amiga.
      Saúde e paz é o que lhe desejo também, do fundo so meu coração.
      Terno abraço.

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  2. Olá, meu caro poeta e amigo Antenor,
    um poema sensível que nos mostra a importância
    dos seres com os quais convivemos. O sapo para mim, sempre foi desde menino, um Anfíbio que sempre mereceu meu respeito, embora, temesse, quando criança que ele pudesse projetar algum veneno, como os adultos diziam. Mas, mesmo assim ele mereceu o meu respeito e proteção contra atos agressivos de outros meninos. Hoje o sapo é para mim um velho conhecido, que gosto de apreciá-lo.
    Esse seu belo texto, escrito com maestria, levou-me a aos tempos de dantes, o que me rendeu grande satisfação.
    Parabéns, meu amigo!
    Grande abraço.

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    1. Prezado amigo e poeta Pedro Luso,
      Com muita satisfação recebo o seu comentário, e me comove saber do seu respeito desde criança que acredito não ser somente pelos sapos, mas também por outras espécies animais. O fato de você, diferentemente de outros meninos, não ter participado das agressões contra os sapos, já denotava, desde então, a sua boa educação e grandeza de alma.
      Com admiração muito lhe agradeço pelo gentil comentário desejando-lhe grandes realizações e resiliência nesse momento difícl pelo qual estão passando os sulistas.
      Caloroso abraço.

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  3. Me ha conmovido enormemente tu relato Antenor
    ¡pobre rana!
    Posiblemente con su dolory su silbido habrá conseguido que reaccionen esos chicos y cambien su aptitud, debemos tomar conciencia todos que todos los seres vivos merecen vivir en libertad y paz
    Un enorme placer conocer la empatía del poeta , te felicito querido amigo
    Un abrazo

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    1. Bom dia, Stella.
      A sua empatia e belo comentário também
      me comove e muito lhe agradeço, Stella.
      Que bom seria se todos reconhecessem
      que os seres nasceram para viver em plena
      paz!
      Terno abraço e ótima semana.

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  4. He vuelto a releer este spot, me gustó mucho la primera vez y hoy aún mas
    Un abrazo

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    1. Só tenho a lhe agradecer, Stella.
      Cordial e fraterno abraço.

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