sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

O MORIBUNDO


A manhã está triste.

O sol apareceu brando e tímido.

O enfermo agonizante

luta contra a morte

no leito hospitalar!

 

Com o corpo extático

e o olhar distante

- como a buscar guarida

no horizonte -, pressente que

a eternidade se avizinha...

 

O coração inconsciente

ainda pulsa, e, por um instante,

num denodado esforço, tendo

os lábios semiabertos, exclama:

“Só em lembrar dos bons momentos

vividos já valeu a pena ter nascido!”

 

E expira, por fim,

num funesto murmúrio,

o fatídico adeus final.

 

                 Antenor Rosalino

10 comentários:

  1. Olá, amigo Antenor,
    a sensibilidade do poeta facilita a
    criação de um poema escrito sobre
    os momentos finais de vida de um ser humano.
    Sem dúvida, um tema difícil para os poetas, que
    têm em mira, o gozo da vida.
    Um tema difícil, mas real e escrito com sabedoria
    pelo ilustre poeta. Uma realidade da qual não se pode fugir.
    Parabéns, amigo, por esta obra poética.
    Grande abraço.

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    1. Caro Pedro Luso,
      O seu belo comentário traduz com muito acerto o fato
      dos poetas abordarem o tema da finitude com mais
      profundidade, por serem possuidores de sensiilidade,
      de certa forma, diferenciada.
      É isso, amigo, o fim da vida é implacável e doído para todos, e como lenitivo fica para as pessoas de bem, na partida, a certeza e a conciência tranquila de deixarem um legado exemplar e a certeza de terem feito da vida terrena um ato de amor perfeito pelas dádivas recebidas.
      Muito obrigado, forte abraço e que a semana lhe seja próspera e feliz.

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  2. Meu amigo Antenor, esse seu belíssimo e sensível poema, atinge a todos nós . Uns fogem desta realidade, e dizem para vivermos um dia de cada vez e não pensar no ponto final ! Que coisa... não existe isso, uma coisa nada tem a ver com a outra. Fugir da realidade não é solução.
    Enfrentei isso com meus pais, foi difícil, mas me deu outra visão da vida. Passei a ver as coisas com mais seriedade, intensidade, mas também a viver com mais alegria, só pelo fato de estar viva e bem. E aprendemos, com essa experiência, a escolher nossos caminhos , sem intromissões. Claro que já me questionei, muitas vezes, sobre o sentido da vida. Não encontro resposta. Difícil uma definição. Seu tocante poema, passou como um filme que vivi, participei até o ultimo suspiro de meus pais, partiram de mãos dadas comigo. Primeiro meu pai, um ano depois minha mãe.
    Aplausos, sempre, meu amigo, você relatou nada mais do que a vida e nas entrelinhas, as nossas emoções.
    Grande abraço, uma feliz semana, muita paz e saúde sempre!
    🌹🙏🌹

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    1. Olá, Tais,
      É sempre um prazer receber os seus comentários que tanto me honram.
      Sobre a fuga em fugirmos dessa temática também não creio ser a melhor escolha, mesmo porque, a finitude é a única certeza absoluta que realmente temos, e justamente, por sabermos que a vida é tão breve é que devemos vivê-la com serenidade, em plenitude, conforme você mesmo diz.
      Comoveu-me saber do passamento dos seus pais de forma tão próxima um do outro, e posso aquilatar o quanto foi difícil para você suportar tais momentos.
      Meu pai teve um enfarte fulminante aos 45 anos, e morreu quando dormia. Na ocasião eu tinha 8 anos. Minha mãe viveu até os 60, quando foi vitimada por angina. Eu tinha 21 anos.
      Sigamos, minha amiga. Muito obrigado, seja feliz e fique com meu terno abraço.

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  3. Emocionante!
    Que os bons momentos nos acompanhem e nos salvem!

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    1. Que seja assim, Fá menor.
      Meus agradecimentos e um fraternal abraço.

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  4. Todos debemos estar preparados para esos últimos instantes que en tus versos con sensibilidad y tacto relatas, son momentos que nadie quiere vivir pero inexorablemente hemos de pasar por ello, me ha gustaddo muchisimo leerte Antenor
    Te dejo un abrazo

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    1. Sim, Stella. É o momento mais crucial da vida e do qual não podemos fugir; por isso, é imperativo procurarmos viver com sensatez e usufruirmos plenamente dos bons momentos na certeza de que é vã a vaidade, a ganância e os preconceitos, pois os esqueletos são todos iguais.
      Fraternal abraço e muito obrigado pelo gentil e belo comentário.

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  5. Tocante e cheio de sensibilidade este seu poema.
    Real e também muito dorido.
    Mais tarde ou mais cedo, vai chegar a nossa vez.
    Só espero que no meu último suspiro, esteja rodeada por aqueles que amo( quero acreditar)
    Abraço e brisas doces **

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    1. Caríssima Parapeito,
      De fato, deve causar emoção inenarrável o privilégio de podermos nos despedir da vida terrena com as pessoas que amamos ao nosso lado. É profundamente belo o seu pensar. Adorei!
      Meus sinceros agradecimentos por sua honrosa e gentil visita e um cordial e fraterno abraço.

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