Na noite do nosso adeus, apenas
meus passos
são ouvidos. São precisos,
resolutos, porém,
incertos pela rua reta, deserta...
O negro asfalto me acompanha: é
meu escafandro
contra as pedras, nas quais
poderia tropeçar-me
pelas esquinas da vida!
Sinto o coração pranteado
desagregar-se do
corpo meu. Já não sabe viver sem
a ternura do
contato teu. Esqueceu-se de te
esquecer!
Volvendo os olhos para o céu
estrelado distingo,
lânguido, a nossa estrela.
Lembra-se? É a mesma
estrela que escolhemos para
fitar, quando estivéssemos
distantes um do outro e
pudéssemos lembrar de que, mesmo
longe, bem longe, estaríamos
vendo a mesma estrela.
Estou agora a fitá-la e não a
vejo cintilar:
parece triste, tão
triste..., acompanhando apenas
o meu olhar, sentindo talvez, como eu,
a falta dos olhos teus.
Antenor Rosalino