Os pés cansavam sempre mais. Não sabia ele por quanto tempo poderia
ainda caminhar. À sombra de uma árvore, observava os arranha-céus e se lembrava
dos tempos em que a grande maioria das casas tinham varandas aconchegantes,
diferentemente de hoje, em que os espaços deram lugar a muros altos e grades de
ferro, pois as pessoas precisam se proteger.
Após alguns minutos de
contemplação continua o andarilho a sua caminhada, banhado pelo suor e em
desarmonia com seus próprios passos. Carrega um carrinho com algumas bugigangas
sendo, em sua maioria, papéis e caixas de papelão que recolhe em lugares
diversificados para vendê-los. É o seu sustentáculo.
Chega o fim do dia e o pobre
homem, desprovido pela sorte, quase nada conseguiu. O dia fora improdutivo e
suas pretensões de ganhar um pouco mais para o sustento começavam a
desvanecer-se.
O crepúsculo vespertino
despontava trazendo um lânguido e suave enternecer. Logo seria noite e, mais
uma vez, muitas perguntas lhe vinham à mente: - “o que teria feito de tão condenável
para merecer viver assim?” – indagava de si para si olhando as fachadas das
casas e as portas do comércio já se fechando. Vez por outra pensava em desistir
da vida, mas lembrava-se das lições que recebera dos pais para nunca desistir,
por maiores que fossem os obstáculos e adversidades, os quais, existem
justamente para serem transportados e que o sofrimento depura a alma.
Caminhando um pouco mais, eis
que, de repente, presencia um acidente. Um motorista alcoolizado atropela uma
senhora idosa e a deixa caída no asfalto, fugindo em seguida, sem prestar
socorro. Imediatamente, o catador de papel vai ao encontro da mulher ferida,
observa que ela está viva e faz menção para que os motoristas e transeuntes
parem o tráfego e implora para que chamem o socorro médico. A sua aflição e
solidariedade era tanta que, ao correr em direção à vítima, não se lembrou de
ter deixado o seu carrinho um pouco distante do lugar devido, e outro veículo
que passava atingiu, em cheio, o seu único instrumento de trabalho.
O homem não se desesperava, mas
não poderia deixar de preocupar-se e
pensava: - “E agora, o que fazer?”.- Entretanto, o que mais lhe importava
naquele momento era ver a velha senhora recuperar-se do susto e dos ferimentos.
Alguns minutos depois, chegou a
ambulância. Foram prestados os primeiros socorros e a mulher foi levada ao
hospital, sem antes perguntar com esforço o nome do pobre homem que,
prontamente, providenciou para que ela fosse retirada dali com vida e medicada.
E assim, indagou: -
- Qual é o seu nome? –
- Chamo-me Felisberto. E a
senhora?
- Florinda.
Dizendo isso, imediatamente a
vítima foi colocada na ambulância e partiu com destino ao hospital.
Logo ao chegar, foi reconhecida
por um amigo a quem ela pediu que procurasse o tal de Felisberto e o ajudasse
no que fosse possível. Esse amigo fez comunicou à família sobre o ocorrido e
procurou Felisberto no local do acidente. Ele ainda estava ali pensando no que
fazer, ao lado carrinho que teve uma das rodas arrancadas.
Esse amigo aproximou-se no afã
de ajudar e, para maior surpresa de Felisberto, o rapaz era filho de um rico
fabricante de papelão, proprietário da própria fábrica para onde se destinava
todos os materiais que ele recolhia na sua triste rotina.
Felisberto foi admitido na
fábrica e sua vida se transformou como um milagre igual àqueles que ele nunca
deixou de acreditar. Para ele, foi uma resposta divina. E fica a lição: as
sementes de benevolência que disseminamos poderão se perder, mas se uma só
brotar perfumará nosso caminho por toda a eternidade.
Autoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet
Bom dia. Um texto que em deixou sensibilizada. Adorei
ResponderExcluirBjos
Fim de semana feliz
"Hoje no nosso cantinho há um texto simples sobre a gratidão"
Muito lhe agradeço pelo gentil comentário, Larissa. Logo terei o prazer de revisitar o seu belíssimo blog. Carinhoso abraço e ótimo fim de semana para você também.
ExcluirBom dia Antenor! Belo texto, com ricas lições de vida, ressaltando a questão dos atos bondosos sem, no entanto, esperar reciprocidade dos mesmos. O próprio Deus dará a recompensa do que foi semeado. Emocionante esse texto!
ResponderExcluirBeijos no coração e domingo feliz!
Bom dia, Lucia. O que desejei ressaltar no contexto foi exatamente isso que você destaca: fazer o bem sem esperar reciprocidade. Muito obrigado pela abordagem tão bela e pertinente. Carinhoso abraço e ótimo domingo para você também.
ResponderExcluirQue essa sua lindíssima mensagem ganhe eco e aconteça a paz desejada em todos os corações, caríssia Larissa. Muito obrigado, amiga e um Feliz Natal e Venturoso Ano Novo a você também e família. Cordial e fraterno abraço.
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