A IMAGEM QUE FICOU
A manhã descortinava-se com raro esplendor!
Os alunos do colégio Dom Bosco dirigiam-se alegremente para presenciarem a
missa campal tão efusivamente esperada pela imensa legião de devotos.
Na entrada do colégio, as denodadas
professoras já aguardavam os alunos, os quais, pouco a pouco foram chegando e
agrupando-se cada qual em sua classe.
Compostas
as classes, os alunos ouviram atentos as recomendações para se comportarem
disciplinarmente no transcorrer da Santa Missa. O cenário afigurava-se
convidativo no doce frescor da manhã outonal.
Um pouco distante do altar, já devidamente
ornamentado, havia uma pequena escadaria onde alguns alunos ali subiram para
melhor presenciarem o ritual. A imensa multidão formava um mar humano. Assim,
devido a tanta gente buscando um melhor local, certas confusões começaram a surgir
em alguns locais.
Os alunos postados na escadaria, não
suportando o desconfortável aperto em decorrência da disputa por melhores
ângulos de visão, também começaram a exteriorizar descontentamentos, dando
início a violentos empurrões.
Mesmo em meio aos tumultos, o padre iniciou
a missa, e antes mesmo de terminar a sua saudação inicial, um empurrão mais
forte na escadaria fez com que os alunos fossem quase caindo, um por cima do
outro, com os mais fortes, obviamente sendo favorecidos.
Neste impasse, Antonio Carlos, um aluno
franzino que ali estava - para melhor se proteger -, empurrou fortemente com as
duas mãos, um coleguinha que estava à sua frente. Ao sentir o impacto nas
costas, o pobre garoto que também era franzino, despencou-se da escadaria, e
veio bater a cabeça no chão, numa queda de aproximadamente dois metros de
altura. Ao ver acena estarrecedora, Antonio Carlos, deu-se conta da extrema
gravidade do seu ato e assim, nervoso e apreensivo, não mais prestou atenção ao
circunspecto, o seu pensamento fixou-se apenas naquela cena aterrorizante e nas
consequências que poderiam advir do seu ato impensado.
Com o pensamento tomado até mesmo por
alucinações em sua inocência de criança, repentinamente observou uma senhora
passar chorando, com o rosto lívido e desesperado, trazendo no colo o pobre
garoto vitimado por aquela queda nefasta.
A imagem de desespero e dor marcou profundamente Antonio Carlos por toda
a sua vida.
Finda a missa, Antonio Carlos voltou para
casa diferente, cabisbaixo e taciturno. A lembrança do triste episódio nunca o
abandonou. Não contou para ninguém o ocorrido. Só depois de longos anos
confidenciou o caso à esposa e ainda sonha com a cena que o faz despertar com
indizível angústia, na ânsia de saber o que teria ocorrido com o coleguinha.
Teria morrido ou ficado com alguma sequela?
A inquietude angustiante do segredo ainda
aflige e persegue a alma de Antonio Carlos que traz no coração apenas a certeza
de que nunca haverá resposta para a sua pesarosa indagação.
Autoria: Antenor Rosalino
Imagem da internet
É, ficam tantas perguntas ao longo da estrada.Lindo seu Blog parabens
ResponderExcluirSão mesmo muitas as interrogações aladas pelo ocaso, Maria Aparecida. Muito obrigado, amiga, pela gentil visita.
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