domingo, 21 de setembro de 2014

O ACIDENTE DA VIA DUTRA




                                                       
 

  Há algum tempo, um acidente registrado na via Dutra, chamou a atenção para a seguinte reflexão:
  Um caminhão transportava naquela via uma carga de feijão. Em dado momento, o motorista perdeu o controle do veículo que veio a despencar do viaduto, tendo o motorista perdido a vida no local.
   O acidente em si, embora não seja tão comum, e, obviamente, seja profundamente lamentável o fato do motorista ter perdido a vida, outro fato decorrente é igualmente triste e estarrecedor: ao cair, a carga do caminhão espatifou-se pelo asfalto e, mais que depressa, um aglomerado de pessoas se juntou, nem tanto por lamentar ou admirar a gravidade do acidente, mas sim, para recolher, cada qual, a maior quantidade possível da carga derramada.
   Ao ponto de vista normal, o alvoroço da multidão furtando a carga é condenável, afinal, os princípios morais ditam a regra: condenam com veemência o larápio. Isso é tácito e não há contestação. Entretanto, analisando o fato sob todos os ângulos, chegaremos às seguintes conclusões: entre as pessoas é quase certo que havia baderneiros e marginais. Estes, quase sempre, são vistos apenas como dignos das mais severas punições. E precisam mesmo, dependendo do que fazem, ser punidos com rigor, mas, dificilmente nos damos conta de que, por trás do bandido, muitas foram as circunstâncias desfavoráveis que o levaram a ser o que é. Ninguém nasce bandido ou deseja ser um excluído da sociedade.
    É bem verdade também que poderia haver no alvoroço, muitas pessoas famintas, que vislumbraram ali, uma oportunidade rara de melhor saciar a fome que, não raras vezes, as dominam.
    O fato caracteriza-se como uma cena típica de um país subdesenvolvido, que urge medidas mais efetivas no segmento social, primordialmente, investimentos na educação e em geração de empregos, para que tal cena não volte a ocorrer, a qual macula a imagem do país e denota incapacidade política.
    Convenhamos, sobretudo, que, os piores ladrões não são esses miseráveis que roubam por necessidade ou por nada ter, mas sim, aqueles que, já sendo possuidores de bens materiais, arriscam até mesmo a própria vida e maculam o nome da família no afã de que o seu patrimônio cresça sempre mais.



Autoria:  Antenor Rosalino

Imagem da internet

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