quinta-feira, 28 de abril de 2022

INOCÊNCIA DO SER

 

                                    

                     

  Pelas vicissitudes da vida, acabamos por

nos tornarmos não a essência do que

 poderíamos vir a ser, mas aquilo que os outros e

as circunstâncias fazem com que sejamos.

 

  De repente, surgimos no mundo sem

 sabermos o porquê e sem ter pedido. Aos

 poucos, surge o despertar da angústia de

 desejarmos a liberdade pessoal num mundo de

 encanto e paz, ao mesmo tempo em que avulta

 a consciência de que nascemos 

para obedecermos regras e morrer.

 

  Há um choque lancinante por sabermos que

 fazemos parte do domínio universal, infinito e 

belo, mas que somos mortais, na imensidão de

 um mundo imortal. 


  E assim passam-se os dias entre alegrias e

 tristezas, e da mesma forma repentina em que

 surgimos para a vida voltamos ao nada ou a

 outro plano existencial do qual nossos sentidos

 não são capazes de prognosticar.


                                  Antenor Rosalino

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

MENINOS DE RUA

                    


                     

                        Dispersos na multidão ofegante

                        Dos centros urbanos que estuam,

                        Sobejam seus vagos olhares

                        Os pobres meninos de rua.

 

                        Curvam-se em reverência

                        Aos apressados transeuntes,

                        Implorando no trânsito insano

                        Um ato benevolente.

 

                        A vida não lhes sorri,

                        Mas sorriem para a vida.

                        De peito aberto num mundo incerto,

                        Amargam a sina nas frias esquinas!

 

                         Ludibriando constantes enganos,

                         Vestem-se de inócua alegria,

                        Quando ao sol do dia findo,

                         Voltam-se ao subúrbio sorrindo!

 

                         Compreendo alguns deslizes

                         De seu viver inconsequente,

                         Pois vêm de lares onde a ira

                         Faz morada permanente.

 

                        Vislumbram em seu submundo:

                        As estruturas mudarem,

                        Para ser cidadãos no mundo

                        E seus sorrisos brilharem!

 

 

                                       Antenor Rosalino

quinta-feira, 31 de março de 2022

REVISTA BARBANTE

 

                               


      


Acróstico em homenagem à

Revista Barbante nos seus

10 anos de existência em favor

do bem comum e do mais alto

relevo da literatura e da poesia.

 


                         REVISTA  BARBANTE


            R evigora a literatura brasileira

            E  a engrandece,  iluminando nossas almas.

            V em como o nascer de um dia de sol

            I mpregnando-nos de  felicidade em prosas e rimas.

            S imulando sonhos e ilusões guardadas

            T ransporta-nos para o mundo dos astros e da magia.

            A  ssim se configuram os escritos da Revista Barbante.


            B ailam as palavras que reviram o coração e faz

            A noite reluzir no neon das ruas!

            R etrata saudades do que perdemos e ganhamos na vida.

            B usca o suspirar da felicidade eloqüente na

            A ntevisão de um futuro de paz e calmaria, assim como

            N o frescor dos arrebóis, os pássaros deixam se refrescar!

            T endo o ápice da literatura como bússola

            E m noites de plenilúnio a Revista Barbante é taça de luar.

 

                                                       Antenor Rosalino

sexta-feira, 18 de março de 2022

SABER VIVER



Vai morrendo aos poucos quem não voeja

Por horizontes de paz e simplicidade.

Quem não observa o movimento das ruas,

Quem não se dispõe a leituras diversificadas,

Quem não sente prazer ao ouvir uma música,

Quem não encontra graça em si

E não desfruta das coisas que a vida nos oferta.

 

E assim morre lentamente.

O amor próprio desvanece

E se torna escravo das próprias atitudes

Sob luas sombrias....

Postergando o amor que traz brilho aos olhos

Na existência incerta de seguir seus sonhos.

 

Sigamos, portanto, a caminho das tardes

Silenciosas e calmas entre as flores dos cântaros

Deixando para traz a tristeza

Dos caminhos íngremes.

Tudo, então, irá florescer num eldorado

De órbitas em horizontes divinos

De sol e fragrâncias e de ninhos dourados

com imensa ternura e alegria,

Onde os corações esperam acontecer

Os remansos dos milagres primaveris

Quando o vento beija opalas com prazer.

 

                          Antenor Rosalino

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 4 de março de 2022

SOBRE OS POETAS

 

                   

 

  Quem são os estranhos seres?

  Parecem ser enigmas ambulantes. Andam pelas ruas, sobem e descem ladeiras e escadas com olhares perscrutadores, tendo os olhos, quase sempre, voltados para o infinito dos céus, para a amplidão dos luares...

  Afiguram-se como “príncipes das nuvens”, como se possuíssem gigantescas asas, as quais, os impedem de caminhar em igualdade de condições com aqueles que não possuem o privilégio de uma percepção mais aguçada e crística dos mundos material e espiritual.

  Na sua passagem pela vida afora, deixam pegadas de ternura e exemplos perpétuos nas mais profundas fontes e abissos da memória, e vão colhendo, no jardim da existência, flores vívidas ou fenecidas e para cada qual, uma poesia é aventada.

   Sondando os versos, o poeta segue o seu destino de inquietação em busca do perfeccionismo e isso o torna diferenciado e, às vezes, incompreendido, mas, sem dúvida, é um ser que enfeita ou procura enfeitar a vida.  

     Sem os poetas, a humanidade perderia avisão da substância universal em seu fulgor de sublime encantamento.

 

 

                                            Antenor Rosalino

 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

NATUREZA MORTA


    Na quietude mórbida da cidade grande,

    Vislumbro uma sensação estranha

    De um céu esgotado por névoas difusas,

    E um nevoeiro úmido permeia

    Os contornos do dia pálido,

    Fatigado de si mesmo.

 

    Muitas janelas fechadas remetem a olhares

    Cansados e sonolentos,

    Como a prenunciar a velhice e seu corolário

    Inevitável de cansaço e solidão.

 

     Tudo se faz cinéreo e triste!

     Nem mesmo o balançar das árvores frondosas

     Trazem perfis de harmonia.

      E os passarinhos tristonhos alçam voos

      Em bandos, à busca do aconchego

      De seus frouxeis de ninhos.

 

      Os meus olhos procuram clarear

      Esquinas escuras,

      Enquanto a mente vagueia

      Buscando esculpir,

      Com poesia universal, os fragmentos

      Sublimes do encantamento dial.

 

                          Antenor Rosalino

   

 

 

domingo, 30 de janeiro de 2022

O ARVOREDO E A BRISA

     

                        Tu és a brisa que passa

                        No fascínio dos jardins,

                        Deixando laivos poéticos

                        Com olores de jasmins!

 

                        Entre saudosos suspiros,

                        Tu és poesia lírica

                        De um eterno poema

                        Sem princípio e sem fim!

 

                        Eu sou o arvoredo em pêndulo 

                        Que ao sentir-te se agita

                        Pelo prazer de te sentir.

 

                         E mesmo em face a procelas

                         - como um penacho à deriva -,

                        Não sabe viver sem ti. 


                                 Antenor Rosalino