quarta-feira, 20 de maio de 2020

CLAMOR



    
             


    Pela fresta da janela entreaberta
    E com o olhar a marejar
    Vislumbro o morro moreno,
    Altaneiro, velando o mar.

    A seus pés pedindo clemência
    Modesta casinha ao léu,
    Não podendo ser o mar
    Almeja atingir o céu.

    A colina verdejante
    Observa a chuva fina
    Prateando a casinha humilde
    Prestes a desmoronar

    E implora à crescente chuva
    Ruflando seus arvoredos:
    “Oh, chuva, não sejas rude,
    Não a leve consigo, não”.

    Também as rochas serenas,
    Com lágrimas em seus andares,
    Fazem coro com a colina
    Para as chuvas deserdarem.

    Como a atender os apelos,
    Mansamente, permeando o ar,
    Cessam as águas pluviais

    E orvalhada da aflição,
    Diz a colina em alívio
    Num suspiro de langor:

    “Obrigada, chuva amiga.
    A casinha ainda sonha.
    “Tu não a levaste, não”.


             Antenor Rosalino

domingo, 10 de maio de 2020

MÃE E FILHO




                           




Dia das Mães.
  O dia amanheceu radiante!
  No pequeno vilarejo à beira do cais os primeiros raios
de sol banhavam uma pequena casa, onde moravam
mãe e filho, este ainda criança.
  Logo ao acordar, o menino corre ao encontro da mãe
para saudá-la e diz a ela, esboçando um sorriso triste no olhar:
- Mãezinha, não tenho nenhum presente para te ofertar. Mas,
te dou meu coração agora.
  A mãe, então, tomada de incontida emoção, abraça o filho,
fecha calidamente as pálpebras, soluça e chora.



                                  Antenor Rosalino
 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

AMOR




         

        Um sentir diferente...
        Nasce da luz de um olhar,
        De um gesto de carinho
        Ou de uma expressão qualquer
        E, tão delicadamente,
        Como um adorado sonho
        Invade o coração da gente.

        Não há como impedir seu lastro.
        Feito de avassalador encanto!
        Chamam-no cupido.
        Sua flecha é certeira.
        Chega sorrateiramente...
        Não suporta preconceitos.
        E não se importa com o preço.

        É paciente como o olhar materno
        A acalentar o frágil filho no seu colo de lírios.
        Não se prende às algemas do ciúme.
        Não é o primeiro nem o último,
        E quando se faz saudade,
        Deixa sempre laivos de melancolia
        No alvor de cada dia.


                                   Antenor Rosalino