sábado, 24 de agosto de 2019

BENEFÍCIOS PRÓPRIOS

   

                                         

 Notadamente, de modo geral, em qualquer segmento social, tudo aquilo que é benéfico para alguém, contrariamente, e na mesma dimensão, é prejudicial a outro alguém.

 Esse fenômeno é tão comum e antigo quanto a própria história da humanidade. Como exemplo, cito o ocorrido em Atenas, conforme ensaio filosófico de Michel de Montaigne, que viveu durante os anos de 1.533 a 1.592:
  "Dêmade, de Atenas, condenou um homem de sua cidade que comerciava com coisas necessárias aos enterros, acusando-o de tirar disso lucro excessivo, somente auferível da morte de muitas pessoas. Tal julgamento não me parece muito equitativo, pois não há benefício próprio que não resulte de algum prejuízo alheio e, de acordo com aquele ponto de vista, qualquer ganho fora condenável.
  O mercador só faz bons negócios porque a mocidade ama o prazer; o lavrador lucra quando o trigo é caro; o arquiteto quando a casa cai em ruínas; os oficiais de justiça com os processos e disputas dos homens; os próprios ministros da religião tiram honra e proveito de nossa morte e das fraquezas de que nos devemos redimir; nenhum médico, como diz o cômico grego da antiguidade, se alegra em ver seus próprios amigos com saúde; nem o soldado seu país em paz com os povos vizinhos. Assim tudo. E o que é pior, quem se analise a si mesmo, verá no fundo do coração que a maioria de seus desejos só nasce e se alimenta em detrimento de outrem". 

  Em se meditando a propósito, percebe-se que a natureza não foge, nisso, a seu princípio essencial, pois inclusive, no mundo animal isso ocorre de forma até pior, tendo em vista que, muitos são os bichos que só sobrevivem alimentando-se de outros bichos.

  Enquanto se trata da natureza em sua essência, é compreensível, assim como será impossível para o homem evitar seu progresso pessoal sem obstruir os mesmos propósitos de seu semelhante. O que é condenável, ao extremo, isso sim, é desejar algo a todo custo e, para conseguir, não se importar em prejudicar o próximo levando-o, às vezes, ao holocausto da própria vida.

  Essa atitude tem como consequência a própria infelicidade futura de quem pratica, além de aviltar contra o desenvolvimento salutar e solidário da cidade e do país.

  É imperativo, portanto, vivermos com natural simplicidade para que nossas vidas possam se constituir em atos de amor perfeito às causas benevolentes para as quais fomos criados e que a procissão de nossas ideias sejam sensatas e coerentes com o desfilar de nossas ações no implacável fluir do tempo.




                                                                        Antenor Rosalino

   

domingo, 18 de agosto de 2019

OS SINDICALISTAS


Homenagem ao
Sindicato dos Servidores
Municipais de Araçatuba (SISEMA)



                 OS SINDICALISTAS

A velha e tradicional casa azul
No centro de Araçatuba abriga
O Sindicato dos Servidores Municipais
E acolhe gotas de suor derramadas
Pelos trabalhadores, em sua lida dial
Incansável pelo bem comum.

Sob taças de sol poente no fluir de cada dia,
Os sindicalistas soltam sua voz cansada,
Num apelo súplice por igualdade e justiça,
Sem desvãos lancinantes...
No afã de calmos remansos,
Pelos caminhos da paz mais querida.

Em suas atribuições iluminadas
Segue os sindicalistas a jornada
Buscando soluções pacificadas
Para a valorização do trabalhador
Por meio de salários justos
Pelas vinhas da solidariedade,
Em primícias de um amanhã
Orvalhado de esperanças.


                       Antenor Rosalino

           







domingo, 4 de agosto de 2019

ALÉM DO MUNDO

           
   


Quero partir a esmo como o vento
que passa incólume,
ou como um navio que segue na noite,
distante da voz.

Se houver neve em mim
eu a sacudirei sob os raios
dourados do sol!

Despojado das ilusões terrenas,
meu ser espiritual
- que vive sua vida eterna –
será pleno de amor perfeito
pelas dádivas que, pela vida
foram me ofertadas.

Se desejares me ver ainda
procure-me nas tuas vísceras.
serei parte de ti
na composição do teu sangue.

E se não encontrar-me,
não desanimes;
em algum lugar estarei à espera
do teu doce calor humano,
em remansos calmos profundos,
do outro lado do mundo.

                         Antenor Rosalino