sábado, 3 de maio de 2025

ESTRO POÉTICO

                                     

              

 

                    Não sou possuidor

                    da laudável inspiração

                    de um poeta maior,

                    o qual, vive a plenitude

                    de um outro mundo,

                    onde os sonhos transcorrem

                    o tempo todo,

                    à luz do seu infindável dédalo

                    de ricas fantasias

                    do seu engenho poético.

 

                     Sou um poeta menor,

                     e a gratidão domina o meu ser,

                     pois quando deixo

                     as palavras abstratas

                     que enfeitam a vida,

                     e o labirinto dos meus pensamentos

                     devolvem-me a realidade esquecida,

                     desfruto os momentos diversivos;

                     investigo as emoções

                     e entrego-me à dádiva

                     do plácido viver no plano terreno,

                     onde tão pouco tenho a dar

                     e tanto tenho a agradecer.

 

                                                                                                                     

                                     Antenor Rosalino

 


domingo, 20 de abril de 2025

A FÉ

 

             

 

            Ainda que tempestades de ingratidão desabem

            E torturas e desatinos avassalam.

            Ainda que haja injúrias e intempéries

            A fé, sobretudo, impera.

 

            Não fosse essa crença divina,

            Não fosse essa força clemente,

            E o nosso mundo seria

            Um mar de tristezas, somente.

 

            O padecer nos ensina

            O caminho do porvir.

            Entre as trevas vê-se a luz

            Que nos eleva e conduz.

 

            Os maus tempos antecedem

            Sempre, sempre a bonança,

            Mas sem fé tudo seria

            Só maus tempos, sem bonança.

 

            A natureza que encanta

            E o nosso corpo perfeito,

            São motivos incontestes

            À gratidão permanente.

 

           Com fé tudo se consegue,

           Até mesmo o impossível.

           É acreditando na vida

           Que a vida nos enobrece.

 

           O que seria de nós

           Sem um Deus no coração?

           Vida vazia...,  incerteza...

           Só tristeza e solidão.

 


                         Antenor Rosalino

 

 

domingo, 6 de abril de 2025

POR AMOR

 

                 

 

               Em lânguido e suave silêncio

                Pratico a arte da introspecção

                Num profundo sentimento de gratidão,

                E deixo as adversidades

                Distantes da existência terrena.

 

                Nas profundezas da memória

                Mantenho a serenidade da alma,

                Tanto na calentura do sol

                Como no nublado das nuvens.

            

                 O bálsamo das flores

                 Impressionam-me sempre mais

                 E me detenho no encanto

                 Da verdadeira essência da vida.

 

                Imagino cintilantes reflexos do sol

                Bailando sob lagos azuis,

                Enquanto a poesia inunda o meu ser

                E sonho o sono interminável

                Dos que vivem o altruísmo

                Tanto na alegria como na dor,

                 Vivendo só por amor.

 

                                        Antenor Rosalino

sexta-feira, 21 de março de 2025

REMANSO DA CHUVA

 

       

A chuva cai mansamente em gotículas

Como teares de cristal; descendo ladeiras,

Ultrapassa falésias e vai..., discorrendo

Paciente seu encanto e seu frescor.

 

Mesmo fraca e vagamente, cumpre sua jornada

Em silêncio, postergando as amarguras

E o nefasto amargor de tão vastas angusturas.

 

Alegrando a solidão, seu labor contagiante

Enternece corações, deixando saudosos aspectos

Nas multidões divagantes.

 

Consumado o seu percurso de aquiescentes retrospectos,

Espraia suas vertentes em langor e mansidão

E no fundo da terra se esvai, para renascer em

Plenitude insurgindo seu condão, revestida de vapor

A formar no céu azul, lindas nuvens de algodão.

 


                                           Antenor Rosalino

 

 

sexta-feira, 7 de março de 2025

EXORTAÇÃO AO VINHO

 

     

Louvemos o vinho!

Extraído das uvas de abençoadas terras,

Debruça a suavidade do seu sabor

Nas adegas distantes...

 

Suas gotas alvas ou púrpuras

Em frágeis jarras de cristal,

Emolduram fartas mesas

Nas confrarias felizes,

Onde em prece se renovam

Doces ceias de Natal.

 

Filho das vinhas!

Seu efeito suave e embriagador

Tem o perfume da vida

E dos campos vastos em flor!

 

Quando em laudáveis brindes

As taças são erguidas

Em uníssono tilintar festivo:

Transbordam-se os sorrisos,

Refletindo a alegria

No brilho de cada olhar.

 

         

                     Antenor Rosalino

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

PERFECCIONISMO DE POETA


O reconhecimento, a glória,

os aplausos exacerbados,

são motivos incontestes

de incentivo ao poeta;

mas o seu valor maior,

seu regozijo profundo

alicerce do seu viver,

é a busca incontida

da perfeição por inteiro.

 

Seus sentimentos

E visão do mundo,

São deveras, diferentes...

Serão eles bem mais almas?

Ou seres que se afligem?

 

Divergem-se do mercenário

Que vive em função do lucro.

O poeta incompreendido,

Tem como seu bem maior:

As belezas simples da vida.

 

Busca no belo, no riso,

Ou nas lágrimas caídas,

O perfeccionismo em seus versos

- e como a brisa alisa a praia -,

Seus sentimentos fluem com esmero,

Num submundo altruístico

De desafio de si mesmo.

 

                      Antenor Rosalino

 

sábado, 8 de fevereiro de 2025

VERANEIO



        Os arvoredos balançam...

        Caem pétalas no chão

        Reluzindo os seus encantos

        Ao pôr do sol no verão!

 

        Um brando frescor estua

        Os folículos e penachos.

        As gárgulas límpidas espumam

        Com o alegre ancorar dos pássaros.

 

        À sombra fresca das árvores,

        Meu peito se enche de amores,

        Trazendo langor e saudades

        Neste horizonte de cores.

 

        Vejo espelhar entre as frestas

        De sombreados folíolos:

        Belas flores nas verdes sépalas...

        E o céu azul no infinito.

 

        Nas praias, as águas calmas

        Contrastam com os agitos

        Das falanges que, festivas,

        Enfeitam o mar colorindo-o

 

        Como um sonho o verão se finda...

        Vão-se os pássaros a ruflar

        Buscando os frouxéis de ninhos

        Até outro verão chegar.

 

                   

                     Antenor Rosalino