quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

HERANÇA POÉTICA





         


    Quero deixar no tempo um legado
    De amor perfeito à poesia da vida
    E trazer no mais íntimo do meu ser
    A esperança de ver brilhar
    A mais pura alegria em ternuras de sorrisos
    Sob paz de sinfonias e poemas encantados
    No alvor de cada dia!

    Quero ver a brisa mansa divagante
    Aliciar as marés, as pétalas nas relvas,
    O esplendor lunar que adoça a alma.
    E afugentar obscuras existências
    Resumidas em histórias em que o pranto
    Ofusca o luar e murcha as flores nos cântaros.

    Que a humanidade possa partilhar os víveres
    E contentar-se com a graça do viver
    Deslumbrando-se num mundo solidário e de paz
    Sob um céu azul em áureos pensares,
    Ludibriando as tristezas no afã de voos altaneiros
    Em transcendente odisseia
    Para um viver sempre belo.


          Antenor Rosalino



terça-feira, 10 de dezembro de 2019

EFLÚVIOS DE DEZEMBRO




   

     Um renascer de áurea jovialidade
     Faz-se pleno na gratidão das dádivas
     Que dispersa as lágrimas caídas
     No afã do amor decantado e esculpido.

     A pesarosa vulgaridade do mundo
    Debalde se perde no espaço sideral
    Somente o amor liberto voa
    Como albatrozes singrando o mar.

    É o encanto mágico que flutua
    Disseminando a essência pura
    Distante das noites de angústia
    Em horizontes de manhãs lúdicas

    Ente chuvas cristalizadas e límpidas
    Seguimos o curso estelar supremo
    Somos almas que buscam luzes
    No angelical azul de dezembro.

                    
                      Antenor Rosalino

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

SAUDADES DO HORIZONTE




 

    Deixo a grande metrópole
    Poluída e neurastênica.
    Quero ver o ar mais puro
    Aliciando as dunas e marés.

    As poeiras da cidade
    Ofuscam o meu olhar.
    Não vejo pássaros voejantes
    Nem o céu iluminar.

    Na cidade as belas flores
    De tão tristes perdem sândalos.
    Nos campos é diferente
    Vejo alegria em cada flor.

    À beira de belos lagos
    Quero em sonhos ficar
    Observando o reluzir dos campos
    Onde a brisa vem pousar.

    Quero rever vastas colinas
    Distantes de apressados transeuntes
    E findar este meu pranto
    De saudades do horizonte.


    
                       Antenor Rosalino



quinta-feira, 14 de novembro de 2019

APRENDIZ




     


         Aprendi nas vicissitudes
         E contrapontos da vida
         A sublimidade do amor verdade
         E o quanto dói a saudade.

         Aprendi que a felicidade
         Não é feita de honrarias e festas,
         Mas sim das pequenas coisas
         Que o existir nos oferta.

         Da roseira nasce o espinho
         Com perfis de ultraje e torpor
         Mas com ele vem o refrigério
         Do aroma da linda flor!

         Uma lágrima de alegria
         Brota dos olhos meus
         Na visão que tenho agora
         Ao  aproximar-me de Deus.

         O despertar da finitude
         Mostrou-me elos aspectuais
         Entre o ser e o Universo
         Em nossas vidas iguais.


                    Antenor Rosalino



sexta-feira, 25 de outubro de 2019

ESTRELA-GUIA




                   


Uma estrela me ilumina
Assim tão formosa e bela
Em rico aspecto e esplendor.
Espera o dia chegar ao fim
Para vir durante a noite
Cobrir a Terra em fulgor.

Profunda e casta luz!
A mais sedutora e nobre
Entre as magnas estrelas.
Sonho tocar tão rara escultura
Do constelado altar supremo
No infinito universal.

O seu dourado brilho magnetiza...
Suas centelhas adoçam a alma
Como a brisa divagante,
E avulta inspirações líricas
Na paz das sinfonias
E dos poemas de cada dia.

Traz refrigério ao mundo
E como é bom fitá-la
No seu constelado altar,
Onde o esplendor lunar
Afugenta a dor, os deslizes
E súplices hiatos tristes.


                                                    Antenor Rosalino





                                       

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

AFUGENTANDO A SOLIDÃO



Na quietude da tarde ensolarada
Suspira o amor insone
Mergulhado em penumbras tristes
Em meio à primavera que floresce.

De repente, no entanto,
Uma momentânea suspensão
Do fluir do tempo
Permite um distanciamento das aflições
Como uma recusa às perturbações
Que a existência nos oferta.
                  
Vem-me à mente nesse instante
Como um milagre de Deus,
A consciência das saudades boas
Alargando horizontes para valorizar a vida.

Vejo agora ao meu redor
O chegar festivo de um colibri
Avivando as cores primaveris...
Prenuncia-se assim o arrebol escarlate
Afugentando os vazios de sombra
Do meu olhar carmesim.


               Antenor Rosalino

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

LACUNAS DE SOLIDÃO


     

      Um pingo da minha lágrima,
      Com laivos de poesia,
      Escorre silenciosa
      Permeando a ventania.

      Celebrando datas mortais
      Amargo horas tempestuosas
      Em venturas que se ofuscam
      Nos ventos contraditórios.

      Procuro imagens sacrossantas
      Que possam tocar minha alma
      Entre silêncios  e sons
      Nas lacunas da solidão.

      À espera de novo sentir
      Vejo espelhos d’água
      Que em marés desfilam átimos
      Do meu mundo de ilusão.

                    Antenor Rosalino
         


quarta-feira, 4 de setembro de 2019

À ESPERA DA BRISA


            
                   

     Tu és a brisa que passa distraída
      - num eflúvio de ternura -
     Disseminando embriagador sândalo
     de jasmim.

     Permeando cântaros multicores
     E jardins de mistérios e encantos,
     Traz primícias que fascinam
     De um amor que não tem fim.

     Eu sou um pobre arvoredo
     Que pressente a tua vinda
     E ao sentir tua presença
     Se agita em pêndulo
     Revestido de alegria
     Pois não sabe viver sem ti.

     Vivo assim a minha sina,
     Em ritmo de longa espera
     Distraindo as intempéries
     No íntimo mais perolado
     Do meu amor sempiterno.
    
                Antenor Rosalino


sábado, 24 de agosto de 2019

BENEFÍCIOS PRÓPRIOS

   

                                         

 Notadamente, de modo geral, em qualquer segmento social, tudo aquilo que é benéfico para alguém, contrariamente, e na mesma dimensão, é prejudicial a outro alguém.

 Esse fenômeno é tão comum e antigo quanto a própria história da humanidade. Como exemplo, cito o ocorrido em Atenas, conforme ensaio filosófico de Michel de Montaigne, que viveu durante os anos de 1.533 a 1.592:
  "Dêmade, de Atenas, condenou um homem de sua cidade que comerciava com coisas necessárias aos enterros, acusando-o de tirar disso lucro excessivo, somente auferível da morte de muitas pessoas. Tal julgamento não me parece muito equitativo, pois não há benefício próprio que não resulte de algum prejuízo alheio e, de acordo com aquele ponto de vista, qualquer ganho fora condenável.
  O mercador só faz bons negócios porque a mocidade ama o prazer; o lavrador lucra quando o trigo é caro; o arquiteto quando a casa cai em ruínas; os oficiais de justiça com os processos e disputas dos homens; os próprios ministros da religião tiram honra e proveito de nossa morte e das fraquezas de que nos devemos redimir; nenhum médico, como diz o cômico grego da antiguidade, se alegra em ver seus próprios amigos com saúde; nem o soldado seu país em paz com os povos vizinhos. Assim tudo. E o que é pior, quem se analise a si mesmo, verá no fundo do coração que a maioria de seus desejos só nasce e se alimenta em detrimento de outrem". 

  Em se meditando a propósito, percebe-se que a natureza não foge, nisso, a seu princípio essencial, pois inclusive, no mundo animal isso ocorre de forma até pior, tendo em vista que, muitos são os bichos que só sobrevivem alimentando-se de outros bichos.

  Enquanto se trata da natureza em sua essência, é compreensível, assim como será impossível para o homem evitar seu progresso pessoal sem obstruir os mesmos propósitos de seu semelhante. O que é condenável, ao extremo, isso sim, é desejar algo a todo custo e, para conseguir, não se importar em prejudicar o próximo levando-o, às vezes, ao holocausto da própria vida.

  Essa atitude tem como consequência a própria infelicidade futura de quem pratica, além de aviltar contra o desenvolvimento salutar e solidário da cidade e do país.

  É imperativo, portanto, vivermos com natural simplicidade para que nossas vidas possam se constituir em atos de amor perfeito às causas benevolentes para as quais fomos criados e que a procissão de nossas ideias sejam sensatas e coerentes com o desfilar de nossas ações no implacável fluir do tempo.




                                                                        Antenor Rosalino

   

domingo, 18 de agosto de 2019

OS SINDICALISTAS


Homenagem ao
Sindicato dos Servidores
Municipais de Araçatuba (SISEMA)



                 OS SINDICALISTAS

A velha e tradicional casa azul
No centro de Araçatuba abriga
O Sindicato dos Servidores Municipais
E acolhe gotas de suor derramadas
Pelos trabalhadores, em sua lida dial
Incansável pelo bem comum.

Sob taças de sol poente no fluir de cada dia,
Os sindicalistas soltam sua voz cansada,
Num apelo súplice por igualdade e justiça,
Sem desvãos lancinantes...
No afã de calmos remansos,
Pelos caminhos da paz mais querida.

Em suas atribuições iluminadas
Segue os sindicalistas a jornada
Buscando soluções pacificadas
Para a valorização do trabalhador
Por meio de salários justos
Pelas vinhas da solidariedade,
Em primícias de um amanhã
Orvalhado de esperanças.


                       Antenor Rosalino

           







domingo, 4 de agosto de 2019

ALÉM DO MUNDO

           
   


Quero partir a esmo como o vento
que passa incólume,
ou como um navio que segue na noite,
distante da voz.

Se houver neve em mim
eu a sacudirei sob os raios
dourados do sol!

Despojado das ilusões terrenas,
meu ser espiritual
- que vive sua vida eterna –
será pleno de amor perfeito
pelas dádivas que, pela vida
foram me ofertadas.

Se desejares me ver ainda
procure-me nas tuas vísceras.
serei parte de ti
na composição do teu sangue.

E se não encontrar-me,
não desanimes;
em algum lugar estarei à espera
do teu doce calor humano,
em remansos calmos profundos,
do outro lado do mundo.

                         Antenor Rosalino


domingo, 28 de julho de 2019

PRIMÓRDIOS DAS ACADEMIAS DE LETRAS


                     

                                                            



    É curioso saber que a origem do nome “Academia”, na antiguidade, nada tinha a ver com o mundo literário. Esse nome é derivado de Academos, ou Hecademos, que foi um grande herói da Àtica, na Grécia antiga.  
   Conforme diz a lenda, uma bela jovem, chamada Helena, foi raptada de forma muito hábil e sorrateira. Toda a comunidade onde ela morava mobilizou-se, então, no afã de encontrá-la.  Procuraram-na, em vão, por todas as partes, e quando todos já pensavam em desistir das buscas surgiu, repentinamente, a figura de Academo, que se prontificou a ajudar nas  buscas.
  Não demorou muito para que o herói a encontrasse num parque ajardinado, onde ele a resgatou com vida. Academo, que já havia se tornado herói por outros grandes feitos, tornou-se ainda mais famoso após o resgate. Para homenageá-lo, o local passou a chamar-se Academia.
  Depois de algum tempo, o imortal filósofo Platão, que comumente se reunia com seus discípulos naquele parque, ou jardim, resolveu comprar um terreno muito próximo à Academia, e ali fundou uma organização cultural para melhor se concentrar em estudos com os discípulos e buscar a compreensão última  do mundo.
  Platão também decidiu denominar a escola de Academia, a qual passou a ser conhecida como a “Academia de Platão”. Esse foi o primeiro centro cultural do mundo, chamado Academia, fundada por volta do ano 385 a.C., e se manteve por vários séculos.
Com o passar do tempo, as academias passaram a ser edificadas pelo mundo afora, com o intuito de propagar literatura e mantê-las no mais elevado grau da arte humana, com ênfase para que o idioma de cada país pudesse  melhor ser  cultivado.
  No Brasil, a primeira academia surgiu em Salvador, na Bahia, em 1724, e se chamava Academia Brasílica dos Esquecidos. A palavra “esquecidos” foi uma forma que os autores encontraram para protestar pela falta de maior apoio das autoridades. Essa academia foi extinta, justamente, por falta desse apoio financeiro por parte do governo. Entretanto ressurgiu, decantada no período da  Renascença, em outros locais, principalmente no Rio de Janeiro, onde permanece até os nossos dias atuais, fazendo com que a escrita se perpetue revestindo a literatura com  radiância e arte.


                                                        Antenor Rosalino



sexta-feira, 19 de julho de 2019

ALÉM DO CIRCUNSPECTO



                   

    Um cinza sombrio reveste a tarde.
     Elevo o pensamento ao céu 
     E não me importo com o circunstancial
     Feito de dores, prazeres e sonhos ao léu.

     Distante das sensações do mundo 
     Sinto,  apenas, o vento alcatroado
     Trazendo agudas reminiscências 
     Dos instantes felizes, platônicos e adorados.

     Um transbordar de emoções 
     Aniquila pensamentos dúbios 
     E as idéias se revestem, num encanto,
     Da radiância das artes no meu refúgio.

     Busco, então, no lado mágico do mundo,
     Onde viajo por horizontes intensos,
     A poesia mais pura da vida 
     E suspiro, em lágrimas, minha ilusão sem fala.

                              Antenor Rosalino

quarta-feira, 10 de julho de 2019

MINHA HISTÓRIA



                           
   
                                           
                        
A calma exteriorização do meu sentir
delineado nas minhas letras pensantes,
traduz o que vai no relicário do meu silêncio,
onde a poesia, vez por outra,  constrói o seu
doce ninho,  e meu pensamento se eleva , 
como a buscar a unicidade da minha frágil e
transitória materialidade  com o meu ser
espiritual que vive  sua vida eterna.

Assim se faz a minha maior história.
Não posso negar os infindáveis lapsos que
comet voluntária e involuntariamente, nos
momentos de fragilidade da alma, mas conto
virtudes que me credenciaram a angariar
incontidas alegrias contrapondo-se ao vazio
que insiste em permear o meu âmago mais
profundo fazendo insurgir lágrimas  silenciosas
nas lacunas da minha solidão.

Nos momentos de instantâneas venturas,
esqueço as páginas tempestuosas do livro da
minha existência, para escrever minha história
genuína e pura nos meandros da minha quietude
e da poesia que me domina.


                                            Antenor Rosalino