quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

ACRÓSTICO


                 
                   


                                   BRUMADINHO


           B orram os conflitos da minh’alma
           R efletindo em minhas retinas
           U m turbilhão de sutis lapsos
           M esclando o meu pranto
           A troz, lancinante, com meu chão de lástima,
           D evorando sombras melancólicas...
           I nvadindo noites escuras
           N a lembrança de tantos irmãos,
           H abitantes pretéritos de Brumadinho.
           O ro, também imolado, no meu silêncio, sem amém.


                                               Antenor Rosalino

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

SAUDADE


      
                     


                         Saudade castigo ingrato
                         Que a vida impõe com rigor
                          Ao coração puro e terno
                          Que perdeu seu grande amor.

                           Lacunas e solidão
                           Sentimentos e emoções
                           Olhos tristes na amplidão
                           Dias sem celebrações

                            Chega sempre sorrateira
                            Não faz distinção de nada
                            Retira toda videira
                            Da minha imagem ofuscada.

                            Ó nostálgico sentir
                            Ocultas lágrimas d’alma
                            Obscurece o porvir
                            Da finitude anunciada.


                                                   Antenor Rosalino

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

ALEGRIA



                         
                         

Os sorrisos ditam palavras
Vindas das profundezas da alma.
A vida assim é celebrada
Resplandecente em noites áureas.

Em glamour festivo de imagens
Fulguram ribaltas nos mitos.
Mostrando artes em miragens
Avultam-se versos bonitos.

A alegria se desprende
Desatam-se as amarras soturnas.
O mundo se faz diferente
No sibilar das vozes unas.

Debruço minhas emoções
No aconchego de doces vinhas
Navego em mares de ilusões
E ancoro em portos que me aninham.

A alegria soberana
Circula o visceral poético
Trazendo o tom da paz que emana
No Universo em perfil quimérico.

                       
                            Antenor Rosalino


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

ESTRO POÉTICO


                                                      
                                     


Contemplo a vastidão do eterno
No meu hábito de versejar
E sigo este beneplácito
Sob auréolas ao luar.

Nestes momentos de sonhos
- Sob a luz do plenilúnio -,
Resplandecem as realezas
No clarão da lua cheia.

Brilham palcos iluminados
Transbordantes de emoções
Alimentando minha alma
Em glamour de bela imagem.

Distante de holocaustos,
Meu pensamento se perde
Reinventando o meu estro
À guisa de laivos poéticos.

Suavizando afinidades líricas,
Encontro poetas e poetisas
Desfilando versos de amor
Na minha razão esculpida.

                                                  Antenor Rosalino

sábado, 5 de janeiro de 2019

RÉVEILLON


                                                
                                                                      
                                                                      




  O sol surgia timidamente na tarde de domingo. Assim como faço, rotineiramente, após ler o jornal sentei-me ao computador. Com o olhar perscrutador, abri a caixa de mensagens do meu e-mail e fui, preliminarmente, deletando propagandas e outros anúncios que não me inspiravam qualquer interesse.
  Paulatinamente, fui respondendo às mensagens e, após isso, veio-me à mente, de forma repentina e surpreendente, uma vontade imensa de escrever algo sobre o novo ano que se prenuncia.
  Com o pensamento imerso nas coisas boas e ruins que aconteceram ao longo do ano findo, vislumbrei o quanto seria laudável para a humanidade se todos os escritos com propósitos de Feliz Ano Novo fossem, de fato, advindos do coração das pessoas, sem hipocrisias e preconceitos, mas sim, com isenção de qualquer tipo de mágoa ou desenfreada ganância em ostentar bens materiais muito mais do que se possa ter.
  É evidente que existem pessoas dotadas de sentimentos humanitários dos mais valiosos e que muito nos exemplam, mas, não há dúvida de que muitos escrevem ou pronunciam palavras de solidariedade nessa época do ano, simplesmente por hábito, distantes de representar aquela sinceridade visceral que a todos encanta.
  Por outro lado, falta maior visão de comprometimento no qual as pessoas deveriam se obrigar, ou seja, cada qual, estender as mãos uma às outras em conforto espiritual e, se possível, também material, no suprimento de necessidades básicas.
  Volvendo os olhos para o céu por ocasião da virada do ano, principalmente nas majestosas megalópoles, especialmente no sofisticado bairro de Copacabana no Rio de Janeiro, observamos o glamour de, aproximadamente, vinte toneladas de fogos de artifícios em magias exuberantes cintilando na amplidão em esplendor.
  O encantamento é total, mas, a alegria se esvai num piscar de olhos, se lembrarmos que tanto dinheiro gasto nessa magna apoteose poderia minimizar o sofrimento de tantos de nossos irmãos necessitados até mesmo do necessário para viver, sem que ninguém intervenha a esse estado de coisas.
  Esse é um simples exemplo, um detalhe apenas, do quanto pode ser feito para disseminarmos o bem. Imaginem as cifras milionárias desviadas por conta da corrupção que se deflagra em vários segmentos políticos e sociais.
  Façamos, primordialmente, a nossa parte com sinceridade de sentimentos e esperança num Ano Novo, de fato, próspero e feliz, sem jamais desistirmos dos nossos propósitos altruísticos, pois é sabido que, muitas vezes, disseminando o bem, acabamos por conseguir o que desejamos nos momentos mais improváveis de nossas vidas.


                                                                 Antenor Rosalino