quinta-feira, 29 de novembro de 2018

NA IMENSIDÃO DOS SENTIDOS





Com o coração envolto
pela bruma invisível do amor,
repenso a vida e busco
na imensidão dos sentidos,
exteriorizar a poesia mais cândida
do meu pensar.

Sob a luz das estrelas
- num áureo céu sublimar -,
trombetas e clarins dos anjos celestiais
infundem sons suaves e maviosos.

Noites e dias voejo
livre na amplidão estelar!
Alquimia da alma...
Silenciosos suspiros
de saudade a transbordar.

A brisa vaga em meus sonhos,
e a minha alma serenada
- distante das formas da ilusão -,
sorrateira, se ancora
em  seu dulcíssimo coração.



Antenor Rosalino









sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A PALAVRA PROFERIDA




                                                 
                                 


                      Linguajar que nos conduz a quase tudo,
                      Comunica e nos leva à paz querida.
                      Denota, enfim, o que somos
                      A palavra proferida.,

                     Ensina-nos o bom caminho
                     Em conselhos e guarida,
                     Mas também sempre ofende
                     A palavra proferida.

                    Vez por outra nos abala
                    Comunicando aguerrida:
                    Um adeus! Triste amargor
                    Da palavra proferida.

                    Deixa-nos em recordações contar
                    Tantas emoções vividas...
                    Deixa eco a ressoar
                    Belas palavras proferidas.

                    Palavras que guiam e ensinam...
                    Palavras sempre benditas..
                    São essas imagens divinas
                    A palavra proferida.

                    Palavras que agonizam,
                    Maltratam, ferem inseridas,
                    Quando o uso é indevido
                    Da palavra proferida.

                    Não fosse esse comunicar
                    Como seria essa lida?
                    Talvez forma tão vulgar
                    Sem palavra proferida.



                                        Antenor Rosalino


terça-feira, 13 de novembro de 2018

DIA DO POETA RECANTISTA


Nesta data, em que se comemora o
Dia do Poeta Recantista, transcrevo,
abaixo, as considerações que fiz em
2013, a pedido, naquela ocasião, do
 nobre poeta Mauricio de Azevedo,
fundador da Ordem dos Poetas do Brasil.       


                                             


                                      DIA DO POETA RECANTISTA

  Neste dia primaveril em que os raios de sol fulguram com mais esplendor,  uma estranha felicidade toma conta do meu ser, ao ver proclamar-se o dia 14 de Novembro como o Dia Do Poeta Recantista.

  Há quase uma década, iniciou-se uma interação mais abrangente entre poetas no mundo virtual, com o fito de trocarem experiências entre si, desenvolverem o sentir poético, promover talentos e, por conseguinte, deixarem que a poesia latente no âmago de suas células líricas pudesse ser vista pelo maior número possível de pessoas, não só do Brasil, mas de todo o mundo.

  Paulatinamente, esse intento foi ganhando força e hoje, pode-se dizer, trata-se de uma interação literária das mais conceituadas e benquistas onde os amantes da poesia podem desfrutar de leituras de altíssimo nível, advindas de poetas e poetisas renomados ou não, cujo lirismo enternece o coração do leitor. E esta miríade de talentos poéticos unidos justifica plenamente a data escolhida para  homenagear esses insignes escritores e escritoras líricas.

  Houve um consenso entre os poetas e, entre outras datas, foi escolhido o dia 14 de Novembro para eternizar-se como o Dia do Poeta Recantista. A data refere-se ao dia da fundação daquele conceituado site, em 2004.

   Os poetas recantistas mantêm laços de profundo respeito e amizade entre si, e não são raras às vezes em que, inclusive, fazem homenagens uns aos outros e se interagem na elaboração de belíssimos duetos. Trata-se, efetivamente, de uma família de letras.

   Os ilustres e denodados poetas buscam, incessantemente, o perfeccionismo e não se contentam apenas com a literalidade comumente usada. Alguns, inclusive, inovam as formas e estilos poéticos e isto enriquece e diversifica os poemas, moderniza e preserva a Língua Pátria avultando cenários de um porvir em que, cada vez mais, a leitura se torna desejada em todos os níveis sociais.

   Pelas razões expostas, deixo aqui a minha saudação a todos os nobres colegas poetas e poetisas parabenizando-os pelo maravilhoso feito, especialmente aos nobres poetas idealizadores desse tão magnânimo e elogiável projeto e rogo a Deus que continue a iluminar os seus propósitos altruísticos e de todos os poetas e poetisas recantistas concedendo-lhes profunda paz para a continuidade de suas inspirações iluminadas que fazem com que os seus versos de inenarrável beleza sejam perpétuos e sempre regados, intensamente, a pétalas de rosas em meio a cantilenas de emoções.

   Finalizo apresentando um poemeto que fiz em homenagem aos recantistas, no inverno de 2008.

                                      EXORTAÇÃO AO RECANTISTA

                                               Há no mundo virtual,
                                               Um espaço iluminado
                                               Onde insignes pensadores,
                                               Poetas e escritores,
                                               Exaltam o romantismo
                                               Num porvir de doces sonhos!

                                               Essa família de letras
                                               -  formatando a cada dia
                                               belos textos comoventes -.
                                               Brincam com os vocábulos
                                               Buscando no abstratismo:
                                               Fazer coisas inumanas
                                               Tornar-se enfeites humanos!

                                               No doce fluir dos seus dias,
                                               Os preclaros recantistas
                                               - dotados de dom divino -,
                                               Esquecem a realidade
                                               E afugentam num segundo
                                               A parte triste do mundo.


                                SALVE DO DIA DO POETA RECANTISTA!



                                                                             Antenor Rosalino






                                              

                            

domingo, 11 de novembro de 2018

ULTRAJE




                                   



                    Sou algo dilacerado, esmigalhado,
                    Serpeante pelas esquinas,
                     Pisoteado pelo chão.
                     Se algum dia tu passares
                     Tão linda e distraída
                     E notares algo difuso, em ultraje,
                     Jogado pelo chão,
                     Por favor, não pise, não.
                     Pode ser meu coração
                     Despedindo-se da vida
                     Feita apenas de ilusão.


                                       Antenor Rosalino

terça-feira, 6 de novembro de 2018

SUSPEITAS NA POESIA


                                                                



É sabido que a poesia no Brasil surgiu a partir das composições dos jesuítas integrantes da Companhia de Jesus, autos e poemas avulsos bem edificantes. Com o passar do tempo, tardiamente, foram feitas coletas dessas nossas primeiras letras poéticas cujos textos foram atribuídos em quase sua totalidade, ao padre José Anchieta que, entre todos os padres da época, figura como o mais dotado de sensibilidade poética.

  Tempos mais tarde, porém, o padre Serafim Leite, eminente autor da História da Companhia de Jesus no Brasil indaga se os escritos constantes nos cadernos de Anchieta que tanto encantaram a população daquela época e que até hoje ainda causam admiração por tão profunda sentimentalidade e percepção, principalmente das coisas belas da vida são realmente dele.

  Serafim Leite aponta sério fundamento para admitir a autoria ou a intervenção do padre Manuel do Couto, no auto de São Lourenço, poesia de fundo religioso que figura nos cadernos de Anchieta, pois o texto tem características bem portuguesas e, na sexta estrofe, traz claras reminiscências de Manuel do Couto e isso suscitou dúvidas ao sábio historiador Serafim Leite se é possível creditar os escritos de Anchieta como sendo todos seus.

  Causou-me muita estranheza e certa frustração ter lido, recentemente, no livro “Apresentação da Poesia Brasileira” descrita pelo imortal poeta Manuel Bandeira sobre essa possibilidade.

  Após ter tido conhecimento dessa hipótese detive-me a pensar se, realmente, pode haver veracidade em tão grave acusação ou se trata apenas de coincidência, pelo fato de Anchieta ter sido admirador da poética de Manuel do Couto.
  Seja como for, cada qual leva para o túmulo a leveza ou o peso esmagador da consciência conforme os atos praticados.

  Certas palavras são comumente usadas e até repetidas, muitas vezes, por vários autores nos textos literários ou poesias, mas, evidentemente, há um limite para isso e é preciso atentar para os direitos autorais que resguardam o direito do autor.

  Três são as conseqüências que podem pesar a quem, impensadamente, e por não ter talento, ousam copiar textos alheios: primeiro, a pessoa não tem o prazer de dizer em sã consciência que determinado escrito é, de fato, de sua autoria; segundo: pode cair no ridículo de ser desmascarado por pessoas que já leram tais escritos e, terceiro: poderá ter de responder judicialmente pela violação de direitos autorais.

  Que o advento da internet e a maior acessibilidade a livros não venha criar desmedidas imitações que, por si só são ridículas e podem macular definitivamente a imagem desses arremedos de autores que, por não serem autênticos, jamais sairão do anonimato, pois não conseguem falar ao coração das pessoas com a naturalidade que caracteriza os probos e autênticos autores.




                                                                        Antenor Rosalino