quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

LÁGRIMAS

 

   

Tanto pranto a formar pequenas pétalas,

A correr em faces maculadas, dóceis, angelicais...

Como uma lança ferindo corações

Que padecem e suplicam em seus ais.

 

Desatinos, incompreensões, amarguras...

Vidas vazias, mas cheias de ternura

Tantos motivos levando ao desconsolo

Mas tantas razões para a esperança vindoura.

 

Lágrimas ardentes que fluem e deslizam.

Sufocam e caem deixando rastros hostis,

Como a brincar com tão puros sentimentos,

De sensibilidades puras e infantis.

 

Oh! Murmúrios cálidos que sufocam...

Quietude ímpar de aflição!

Gotas que externam a explosão interna

A lembrar passiva: os deslizes, a dor, a ilusão...

 

Entre suspiros sentidos

Vagueiam confusos pensamentos a torturar:

Arrependimentos, desejos, sonhos desfeitos...

Fazem-se presentes em cada terno olhar.

 

Olhares a reluzirem como as próprias lágrimas,

A suplicar o que só a esperança traz.

O amanhã será novo dia:

Que todo pranto se reverta em paz.

            

                          Antenor Rosalino

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

O MORIBUNDO


A manhã está triste.

O sol apareceu brando e tímido.

O enfermo agonizante

luta contra a morte

no leito hospitalar!

 

Com o corpo extático

e o olhar distante

- como a buscar guarida

no horizonte -, pressente que

a eternidade se avizinha...

 

O coração inconsciente

ainda pulsa, e, por um instante,

num denodado esforço, tendo

os lábios semiabertos, exclama:

“Só em lembrar dos bons momentos

vividos já valeu a pena ter nascido!”

 

E expira, por fim,

num funesto murmúrio,

o fatídico adeus final.

 

                 Antenor Rosalino

sábado, 3 de fevereiro de 2024

RIBEIRÃO BAGUAÇU




    Em pequena mina de rocha

    No noroeste paulista

    Em divisa de cidades

    Nasce o ribeirão Baguaçu.

 

    Abrindo suas vertentes

    O manancial desce mansamente,

    Enfeitando as ribanceiras

    Alegrando a solidão!

 

    Suas águas banham o solo

    Da bela Araçatuba

    E segue sua jornada

    Entre atalhos e espinhos.

 

    Não se opõe às intempéries

    Nem tampouco às angusturas,

    Segue altivo o seu percurso

    Num exemplo de candura.

 

    O sol abraça o seu seio

    Que reluz fosforescente,

    Espelhando as matizes

    Do seu curso permanente.

 

    No final dessa jornada

    O rio Tietê o acolhe

    Retirando-lhe os espinhos

    E eternizando em saudades

    Seu misterioso destino.

 

 

                  Antenor  Rosalino