sábado, 22 de julho de 2023

AS QUATRO ESTAÇÕES

           

           

O frescor manso da brisa enuncia a estação primaveril.

  Desabrocham-se as flores sobejando o seu convidativo néctar,

num colorido enternecedor, enquanto os passarinhos felizes

entoam cantos de paz!

   O tempo, porém passa incessante, sorrateiro e, gradualmente,

vai deixando nos corações plangentes, um quê sutil de saudade,

lembrando pétalas ao chão nos finais de belas festas!

   Vem o verão com seu manto quimérico, braçar os rincões,

trazendo estimulante convite aos passeios memoráveis e

distantes. É como se a liberdade pairasse no ar!

  As águas praianas agitam o seu escaldar de espumas prateadas.

O calor solar em sua magnitude irradia sensual animosidade

nas falanges libertas.

   As chuvas periódicas correm pelos morros arrastando

penachos, mas, apesar das enxurradas e das apreensões em dia

de temporais em que olhares perscrutadores amedrontam-se

com a força intempestiva do vento que inclina e derruba árvores

com gigantescos rodamoinhos unindo-se em espirais de poeira.

  A cada chuva que passa vem a certeza de que um novo dia de sol

sempre renasce para devolver o rito harmonioso, feliz e contínuo

da vida na proximidade do final lânguido e inesquecível do

ardoroso verão que se esvai...

   O Outono chega veloz. Na doce estação dos frutos,

a abundância das colheitas se propaga: preliminarmente no

hemisfério sul e, a seguir, no hemisfério norte. As dádivas divinas

suprem as necessidades dos víveres, e remete os humanos, ao

sentimento maior da gratidão. Os seres sorriem felizes! As aves

em suas gárgulas ficam mais aquém... No sagrado solo, um brilho

diferente reluz em cada olhar e flores ocultas de gratidão

rompem silêncios e insurgem nos corações.

   Quando o outono chega ao fim, é como se ouvíssemos o sussurrar

de um coro da multidão a dizer: "Adeus, outono da minha vida!".

   O eterno ciclo das estações cumpre o seu rito anual com a

chegada do gélido inverno. A estação hibernal une os corações,

aquece as almas com a magia singela do seu manto níveo

vislumbrando magias na natureza transmudada na formosura de

 suas paisagens. É tempo de repensar!... É chegado o momento

da reflexão maior aos atos e sentimentos próprios e para com os

semelhantes.

   Os animais e as avezinhas despedem-se das âncoras e refugiam-se

nos seus ninhos... Reacendem-se as lareiras, e as chamas de ternura

refletidas em cada coração é chama que vem do céu como afetos

derramados de semântico e invisível véu!

   Assim como a vida segue cumprindo velozmente o seu ciclo de

beleza eterna e pura, a intuição da qual somos dotados aprofunda

maiores reflexões sobre a preservação ambiental que nunca, em

nossas vidas, se fez tão necessária para que não fiquemos sempre

mais alados e distantes do domínio da mãe natureza e do sublimado

encanto de suas dádivas divinais.

                    

                                              Antenor Rosalino

  

segunda-feira, 3 de julho de 2023

ESTAÇÃO SAUDADE



A primavera florida,

As orquídeas, os crisântemos,

Os lírios, as azaléias,

Os verdes campos..., o mar!

 

A primaveril estação

Encantou meu coração.

Paralisou a eclipse

Em repleta liberdade...

Enfeitou-se em arco-íris

E eternizou-se em saudade.

 

Não há máculas, só encanto,

Nem poalhas a ofuscar.

Canto mais alto o meu canto

E me sinto além do mar.

 

Os momentos mais felizes

Em total entrega de afetos.

São relíquias, as mais belas,

Entre formosas quimeras.

 

São agora no meu mundo

Envolto nessas lembranças,

As Valquírias dos meus sonhos

Que em minha pena componho.

 

Vou vivendo a poesia

De nemoroso eldorado...

Do alvorecer sem maldade

Da eterna estação saudade.

 

                  Antenor Rosalino