Com o pensamento envolto pela bruma invisível de um lirismo encantador, iniciei os meus escritos quando, repentinamente, lembrei-me de ter ouvido de alguém num certo dia, que a poesia é de difícil entendimento. Detendo-me nesta lembrança, a minha inspiração dissipou-se como o vento... Não fiquei triste, pois o meu estro poético embora não seja de um poeta maior, nunca me abandona. Sempre tenho momentos sublimados, nos quais, a minha imaginação voeja, flutua e recrio os meus modestos poemas.
Prevalecendo-me daquele momento, refleti sobre os mais diversos ângulos que uma mensagem poética pode transmitir e conclui: alguns poetas utilizam palavras abstratas e metáforas (ou palavras difíceis como muita gente diz), um pouco mais do que outros. Isso faz com que a maioria dos leitores que precisam de uma leitura vagarosa para entender o real conteúdo da poesia, seja induzida a consultar o dicionário para saber o significado de certas palavras; e isso, muitas vezes o irrita.
Devo confessar que sou afeito às metáforas, às palavras diferenciadas que a meu ver, trazem um glamour a mais à obra poética. Por outro lado, a consulta ao dicionário – quando preciso -, certamente propicia ao leitor interessado, a oportunidade de ampliar os seus conhecimentos e, aos poucos, ir adquirindo a compreensão necessária para deleitar-se na plenitude do fetiche invulgar que só a poesia pode proporcionar.
É evidente que essas palavras diferenciadas são aceitas mais comumente apenas em obras poéticas, cujos vocábulos devem ser evitados nos textos usuais do cotidiano. Resumindo, as palavras diferenciadas não tiram a simplicidade da poesia; fazem, isto sim, com que esta ganhe mais brilho e incita o leitor a elevar o seu pensar. Quanto ao entendimento, basta ler calmamente, procurando entender o contexto, obedecendo as pontuações e as pausas que se fizerem necessárias. Utilizando-se destes critérios, a poesia tornar-se-á um lenitivo incomensurável para a alma e o coração.
Antenor Rosalino
Rosalino, que beleza de reflexão! Há uma delicadeza imensa no modo como descreves esse instante de inspiração sob o véu do céu estrelado. É como se a própria noite sussurrasse versos ao teu ouvido. Concordo contigo: a poesia não precisa ser fácil, mas precisa ser sentida. As metáforas, as palavras mais raras, os silêncios entre uma pausa e outra tudo isso compõe o encanto e o mistério do poema.
ResponderExcluirLer poesia com calma, como quem contempla, é abrir espaço para que a alma se expanda. E sim, o dicionário, longe de ser um obstáculo, é uma ponte. Ele nos leva além. Que bom saber que teu estro nunca te abandona porque quem lê, agradece. Bravo, poeta! Que o prado, a brisa e o plenilúnio nunca deixem de te visitar.
Abraço com admiração,
Fernanda!
Bom dia, Fernanda.
ExcluirVocê conceitua as metáforas e também a premente necessidade do uso do dicionário para esclarecimento de dúvidas, de forma irretocável, emoldurando o comentário com palavras poéticas que emocionam.
Sim, minha amiga, os sentimentos escritos que não possuem existência física independente parecem ser sentidas com maior profundidade, principalmente aos olhos de quem lê com a atenção devida e com interesse em absorver a sentimentalidade e o encantamento que as poesias nos ofertam.
Muito obrigado pelo gentil e belo comentário e um abraço com igual admiração.
Olá, meu amigo Antenor, um show de crônica!
ResponderExcluirEu também penso que a poesia, aceita muito bem as boas metáforas, as boas imagens poéticas, entre outros recursos de linguagem próprios para os poemas.
Nossos grandes poetas, Drummond, Manuel Bandeira,
Jorge de Lima, Murilo Mendes, Manoel de Barros, Mario Quintana e outros escreviam com bons recursos de linguagem e gramática.
Porém, a poesia deve ser entendida para refletirmos sobre essa arte tão linda!
Sim, a poesia é a arte de dizer todas as verdades, falar das tristezas, alegrias e sentimentos, mas tudo com muita beleza, aquela que encanta e emociona, que só vemos em poesia!
Aplausos, querido poeta. Uma feliz continuação de semana.
Grande abraço da minha Porto Alegre para sua Araçatuba!
Olá, Tais.
ExcluirÉ sempre motivo de imensa satisfação receber a generosidade de seus belos comentários e saber que os meus escritos não estão sendo vãos ou sem o conteúdo que desejo transmitir para a compreensão de quem me honra em ler o que escrevo, como é o seu caso de forma especial.
É providencial a lembrança que você traz dos imortais poetas citados que sempre utilizavam o vocabular mais rico e diferenciado para expressar seus sentimentos, o que faz com que seus poemas tenham um quê a mais de encanto e beleza linguística. Por outro lado, a sua elucidação sobre a significância da poesia é das mais admiráveis.
Meus sinceros agradecimentos, Tais. Tenha um ótimo fim de semana e fique também com meu abraço cordial e entusiástico, de Araçatuba para o encanto da sua Porto Alegre.
Olá, amigo Antenor!
ResponderExcluirObrigada pela bela crônica e oportuna reflexão.
A meu ver, a poesia sempre traz beleza ao mundo. Não importa se ela fala de tristeza ou alegria, de justiça ou injustiça, de amor ou desamor, de guerra ou de paz. O que importa é que toque a alma do leitor. E isso tem a ver com o talento e a capacidade do poeta de dizer poeticamente o que sente e de se fazer entender. Mas tem a ver, também, com o leitor. O leitor deve "saber ler poesia", pois nem sempre a dificuldade de entendimento da poesia acontece pelo fato da mesma ser "rebuscada e conter metáforas e palavras difíceis". Isso pode acontecer pela própria falta de conhecimento do idioma de quem lê ou até de quem escreve, (mas isso é outro assunto). Estou de acordo quando você diz que a poesia não precisa ser fácil, - claro que não! - mas precisa ser sentida. E acrescento: para ser sentida, precisa antes ser entendida. Sou plenamente a favor do uso da linguagem de maneira não convencional, da exploração da sonoridade das palavras e da sugestão de imagens mentais, em vez de narrativas claras ou descrições literais. (Consultar o dicionário não desmerece ninguém, é uma coisa básica e faz parte da busca pelo conhecimento). Penso que a fluência verbal, o uso de metáforas e as licenças poéticas são ferramentas de valor inestimável que estão à disposição do poeta para ajudá-lo a expressar emoções, sensações ou conceitos abertos à interpretação do leitor. Como bem lembrou a amiga Taís, "Nossos grandes poetas, Drummond, Manuel Bandeira,Jorge de Lima, Murilo Mendes, Manoel de Barros, Mario Quintana e outros escreviam com bons recursos de linguagem e gramática".
Em resumo, as palavras "difíceis", quando bem colocadas, não tiram a beleza nem a simplicidade da poesia, ao contrário, fazem com que a poesia ganhe mais brilho e estimulam o leitor a elevar o seu intelecto e compreensão. A par de tudo isso, é ler calmamente, procurar entender o contexto, obedecer pontuações e pausas que se fizerem necessárias e a poesia será o que, a meu ver, ela é: um bálsamo para a alma e o coração.
Um abraço.
Bom dia, Marli.
ExcluirOra, minha amiga, os agradecimentos são meus pela honra de tão profundo e belo comentário o qual muito me envaidece.
As suas ponderações são claras e das mais sábias em todos os aspectos, pois você aborda conceitos que, pela minha modesta visão deixei de mencionar.
Algumas palavras, por vezes, causam mesmo alguma dificuldade para ser compreendidas por algumas pessoas, mas não raras vezes, isso ocorre mesmo pela pressa em ler e não se aprofundar naquilo que se está lendo com a atenção à qual você se refere, sobrelevando-se ainda o fato de que a poesia apura a capacidade linguística e, inquestionavelmente é refrigério para a alma.
Meus sinceros agradecimentos, Marli. Tenha um excelente fim de semana e fique com meu terno abraço.
Olá, ilustre amigo e poeta Antenor,
ResponderExcluirParabéns pelo seu ótimo texto de metalinguagem.
Entendo que todas as pessoas que escrevem ou que
gostem de poemas certamente recebem este seu trabalho
com a certeza de que terão muito proveito com ele. Eu
sempre gostei de ler livros, artigos, e poemas sobre essa arte da escrita. Por isso, caro amigo entendo que todos os amantes da poesia praticam o bem ao escrever sobre esta arte.
E são muitos os escritores que escrevem a respeito disso, como são muitos os poetas que criam poemas sobre a arte da
poesia. Um desses poemas que mais gosto foi escrito por Carlos Drummond de Andrade. Então caro Antenor você agora faz parte desses poetas que contribuem para elevar a poesia.
Votos de um ótimo final de semana, com saúde e paz.
Grande abraço daqui do Sul.
Bom dia, meu caro amigo e poeta Pedro Luso.
ExcluirFico muito grato com suas considerações sobre a minha crônica, fato que me muito me entusiasma para a continuidade dos meus escritos também em prosa.
Quando você diz que agora também faço parte na contribuição da poesia sinto muita alegria porque, embora eu reconheça a minha pequenez diante de tantos exímios poetas como é o seu caso, esse é meu sincero desejo, pois vejo a poesia como o alicerce para um viver mais suave e puro.
Sua referência ao imortal Carlos Drummond de Andrade é providencial, e mostra também o seu beletrismo e bom gosto na apreciação desse poeta pertencente à segunda geração do Modernismo, também conhecida como a Geração de 30.
Eu já imaginava também que você é um amante da leitura no que tange a arte da escrita, pois essa prática caracteriza os grandes literatos.
Enfim, meu caro amigo, e colega das letras, repriso os meus agradecimentos desejando-lhe tudo o que a vida possa de melhor lhe oferecer.
Cordial e fraterno abraço araçatubense até o seu belo Sul.