segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

ODALISCA


       

 

        No tempo fatídico da escravatura inútil,

        Quando estrelas fitavam tristonhas senzalas,

         Requebravas seus dotes de moça bonita

         Sob os olhos vorazes do sultão no harém!

 

         Como  flor entre espinhos balançando no ar,

         Deixaste no tempo em silente insuflar

         O legado supremo do saber infinito:

         “Ocultar o sofrer com sorriso no olhar”.

 

          Seu rosto brilhava nos traços perfeitos

          Emitindo aspectos de raios de luz!

           Na escultura do corpo onde olhares pousavam,

           E encantados ficavam pelo ardor sensual!

 

           Senti-as na pele enquanto dançavas,

           O martírio de outros escravos irmãos

           Padecendo torturas nas duras falésias,

           Sob açoites ferozes em seu crepitar.

 

            Porém, nesta vida, como tudo se esvai,

            Deixou este mundo a pobre puela.

            Entre solfejos divinos e lampejos de luz

            Olvidando os insultos, com Deus foi morar!

 

             Hoje distante de impiedosos terráqueos,

             Juntando-se à plêiade de escravos fiéis

             - em sonhos felizes sem dor a ocultar -,

             Desfruta os tributos dos anjos dos céus.

 

 

                                   Antenor Rosalino

 

 

 

 


 

 

 

6 comentários:

  1. Poeticamente lindíssimo de ler. Sublime fascínio poético.
    Gostei mesmo muito. Elogio e aplaudo
    .
    Saudação poética.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. É sempre motivo de satisfação receber os seus comentários, prezado Ryk@rdo.
      Muito obrigado pelo incentivo.
      Saudações literárias.

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  2. Gostei bastante do seu poema. Brilhante! :)
    -
    Coisas de uma Vida
    -
    Beijo e uma excelente semana.

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    1. Que bom saber da sua apreciação, Cidália.
      Agradeço-lhe de coração.
      Terno abraço e ótima semana.

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  3. Olá, estimado amigo Antenor!

    Espero que se encontre bem de saúde, tal como sua família. Eu estou bem, assim o creio, e em teletrabalho, pois sou Professora do Ensino Médio, aqui Secundário.

    Que poema tão bem executado, após pensado de forma tão erudita!

    Era assim a vida das odaliscas, semelhantes a escravas, que se limitavam a obedecer, perante o olhar guloso de "seus senhores". Sofrearam muito e jamais, tenho certeza, tiveram prazer.

    Perante a vida que eram obrigadas a levar, o melhor seria partir para o firmamento, onde seriam recompensadas e amadas.

    Um grande abraço com amizade.

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  4. Olá, Céu.
    Fico feliz com sua apreciação que muito me incentiva e lhe agradeço de coração.
    Sim, a vida das odaliscas e dos escravos até hoje envergonham a humanidade. Tudo muito lamentável. E você tem razão: tanto era o sofrimento para essas criaturas que o melhor mesmo seria desaparecer da vida terrena.
    Repriso os meus agradecimentos pela generosidade de suas
    palavras elogiosas e receba um terno abraço com a admiração de sempre.

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