sexta-feira, 26 de agosto de 2016

CONTRIÇÃO



                                                         
                                     
    

O sentir pungente do arrependimento
Aflora em meu peito um versejo triste
De lânguida dor que o mundo assiste
Nos rastros frementes do meu lamento.

Era tão pulcra, lívida e bela
A musa dos sonhos que leve tocava
As rendas mais finas de cinderela
Que até a brisa ao passar se abrandava.

Hoje, distante da suprema harmonia
Do teu destino que é minha alma.
Abro rotas taciturnas sem minha estrela-guia.

Contemplando o rito da natureza calma
E os pássaros em seus frouxéis de ninho 
Visualizo as manhãs e nossos lençóis de linho.



Autoria:  Antenor Rosalino

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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

DEUS ESTÁ POR AÍ


             
                                     

O vento do mar toca a árvore em flor.
As folhas em pêndulos
parecem consumir  os frutos
que soçobram entre as frestas
banhadas pelo sol!

O verde reluz em matizes
                                   feito arco-íris no horizonte longínquo
à espera do anoitecer.

Os meus olhos, num momento,
pairam no magnetismo dessa hora
em que o sublime encanto crepuscular
faz a natureza calar-se
na hora sacrossanta do Ângelus.

Deixo, então, de ouvir a ciência
em suas exatas explicações para acreditar
em algo maior: Que Deus está por aí!...



Autoria:  Antenor Rosalino
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domingo, 7 de agosto de 2016

PROSEAR O MUNDO

                               

                                                               



  Olho para o céu calmo, claro, alabastrino e fico a imaginar como seria o mundo sem as nuanças do prosear entre as pessoas em suas infinidades de gostos, tendências e sentimentos.
  Os escritores, principalmente os poetas, vêem o mundo e as coisas muito além do que elas se apresentam e exteriorizam o seu sentir em palavras que nos surpreendem pela profundidade de belos detalhes que, não raras vezes, nos passam despercebidos. Os contadores de estórias formam outro grupo de pessoas interessantes. As suas prosas são agradabilíssimas e, quando se pegam a contar suas estórias conseguem criar atmosferas de puro encantamento.
 O prosear pode ser considerado também um brincar com as palavras, estas fluem despreocupadamente, sem a necessidade de objetivar algo, é como o vôo dos pássaros na amplidão, e não deixa de ser uma atividade que, tal qual a poesia, acaba se tornando um vigoroso exercício para a imaginação e a criatividade. É como, por exemplo, nadar sem o objetivo de chegar a lugar nenhum.
 Os diálogos e prosas não só estreitam os laços de amizade, mas também nos ensinam. Podemos obter informações e esclarecimentos sobre muitas coisas e também transmitir experiências vividas.
  As pessoas têm latente no âmago, cada qual e a seu modo, as suas inclinações e isso faz com que essas tendências se exteriorizem e, de alguma forma, nos envolvem. Por essa razão, embora a comunicabilidade seja necessária e o prosear faça com que tenhamos maravilhosos momentos de descontração e alegria, é preciso estar atentos no sentido de mantermos sempre um nível de conversação saudável, proseando o mundo em suas diversidades de esplendor, encantamentos e alegrias.
  Conforme avançamos na idade, mais sábios vamos ficando, inclusive, pelas prosas descontraídas e é uma das maiores dádivas vivermos o suficiente para ter cabelos grisalhos, mas com os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos do rosto.
  Muitas são as pessoas que não riram e se foram antes de seus cabelos ficarem prateados. E, enquanto vivermos, não devemos nos aprisionar e nem nos atermos tanto a questionamentos e lamentações sobre o que poderíamos ter sido, ou nos preocuparmos com o que ainda seremos.
  Quem proseia, distante de fofocas e maledicências, sem a preocupação e a arrogância de julgar os outros, sabe bem o benefício que isso traz e que, sem dúvida, é uma das maiores opções para uma alma livre e feliz.


Autoria:  Antenor Rosalino

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