sábado, 25 de abril de 2015

POESIA VISCERAL




                                         


       O meu pensamento voa
       E os vocábulos escorrem
       Do meu plácido silêncio
       Trazendo versos que acorrem
       A poesia envolvente:
      Romantismos que não morrem!

       Quando a calma embala a tarde
       O aforismo visceral
       Latente de encantamentos
       Traz o apelo sideral
       Para que o doce lirismo
                                         Seja pra sempre imortal!

                                           Nesta carência de paz
                                           Em nossas vidas fechadas
                                           Deixo no tempo um legado
                                           De louvações inflamadas
                                           À poesia mais bela,
                                           Nas memórias, incrustadas.

                                           Quero ver, depois de mim,
                                           A esperança mais polida
                                           Na paz de uma sinfonia
                                           Fazer morada atrevida
                                           Despojando vis angústias
                                           E hiatos tristes da vida!

                                           Postergar a poesia
                                           É ter olhos e não ver.
                                           É caminhar na existência
                                           Sem um céu para se crer
                                           Buscando prazeres vãos,
                                           Sem, de fato, nada ter.

                                           Os meus olhos lacrimejam
                                           Quando me ponho a pensar
                                           Num tempo futuro e cálido
                                           Onde possam se ostentar
                                           As almas vivificantes
                                           Renascidas para amar.




                                Autoria: Antenor Rosalino

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sexta-feira, 10 de abril de 2015


                                                          
                                       

                                    
                                    A IMAGEM QUE FICOU


  A manhã descortinava-se com raro esplendor! Os alunos do colégio Dom Bosco dirigiam-se alegremente para presenciarem a missa campal tão efusivamente esperada pela imensa legião de devotos.
  Na entrada do colégio, as denodadas professoras já aguardavam os alunos, os quais, pouco a pouco foram chegando e agrupando-se cada qual em sua classe.
Compostas as classes, os alunos ouviram atentos as recomendações para se comportarem disciplinarmente no transcorrer da Santa Missa. O cenário afigurava-se convidativo no doce frescor da manhã outonal.
  Um pouco distante do altar, já devidamente ornamentado, havia uma pequena escadaria onde alguns alunos ali subiram para melhor presenciarem o ritual. A imensa multidão formava um mar humano. Assim, devido a tanta gente buscando um melhor local, certas confusões começaram a surgir em alguns locais.
   Os alunos postados na escadaria, não suportando o desconfortável aperto em decorrência da disputa por melhores ângulos de visão, também começaram a exteriorizar descontentamentos, dando início a violentos empurrões.
    Mesmo em meio aos tumultos, o padre iniciou a missa, e antes mesmo de terminar a sua saudação inicial, um empurrão mais forte na escadaria fez com que os alunos fossem quase caindo, um por cima do outro, com os mais fortes, obviamente sendo favorecidos.
    Neste impasse, Antonio Carlos, um aluno franzino que ali estava - para melhor se proteger -, empurrou fortemente com as duas mãos, um coleguinha que estava à sua frente. Ao sentir o impacto nas costas, o pobre garoto que também era franzino, despencou-se da escadaria, e veio bater a cabeça no chão, numa queda de aproximadamente dois metros de altura. Ao ver acena estarrecedora, Antonio Carlos, deu-se conta da extrema gravidade do seu ato e assim, nervoso e apreensivo, não mais prestou atenção ao circunspecto, o seu pensamento fixou-se apenas naquela cena aterrorizante e nas consequências que poderiam advir do seu ato impensado.
    Com o pensamento tomado até mesmo por alucinações em sua inocência de criança, repentinamente observou uma senhora passar chorando, com o rosto lívido e desesperado, trazendo no colo o pobre garoto vitimado por aquela queda nefasta.  A imagem de desespero e dor marcou profundamente Antonio Carlos por toda a sua vida.
    Finda a missa, Antonio Carlos voltou para casa diferente, cabisbaixo e taciturno. A lembrança do triste episódio nunca o abandonou. Não contou para ninguém o ocorrido. Só depois de longos anos confidenciou o caso à esposa e ainda sonha com a cena que o faz despertar com indizível angústia, na ânsia de saber o que teria ocorrido com o coleguinha. Teria morrido ou ficado com alguma sequela?
   A inquietude angustiante do segredo ainda aflige e persegue a alma de Antonio Carlos que traz no coração apenas a certeza de que nunca haverá resposta para a sua pesarosa indagação.




Autoria:  Antenor Rosalino

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domingo, 5 de abril de 2015

CANÇÕES NO ARREBOL


                                                         
                              
               

As canções em abandono
Deixaram laivos em mim
Entoando melodias
Em arrebóis carmesins!
Agonizantes lamúrias
De um sol distante sem fim!

Em sinfonias dolentes
Insufladas tristemente
São lamúrias de agonias
Em breves versos somente.
Sentinelas de emoções
De esse viver descontente.

Assim como os pássaros
Buscando âncoras distantes,
Perdidos na imensidão,
Meu coração lancinante
Perde-se em veredas tristes
E notas lacrimejantes!

Entre essas reminiscências
Os solfejos lapidados
De glamour e poesia
Incitam sonhos moldados
Pelo som da natureza
Nas florestas e riachos.

Os dias correm silentes
Na brevidade das horas
Trazendo perfis saudosos
Das fantasias e glórias
De um tempo em que as melodias
Permeavam as histórias.

Sonho delícias do amor
E das quimeras aladas
Num horizonte longínquo
Onde a paz é a morada
E a Via Láctea ostenta
As suas cores douradas!



Autoria: Antenor Rosalino

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