quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Flor





Brotam sorrisos!
Os olhares se orvalham...
O motivo?
Nasce uma flor!

Como pêndulo multicor,
brinca inocente com o ar...
Energizando os viventes
em radiante esplendor!

Quando amanhã suas pétalas
acordarem florescentes
dançando em sincronia
com brandos raios de sol...

Em vislumbre nesse encanto,
minha lágrima enternecida
emanando em poesia
novamente sorrirá!


Autoria:  Antenor Rosalino


LUAR DE OUTONO

                         

                                   

Dissipando-se lembranças tristonhas
De cinéreas nuvens,
A terra florídea em matizes
Exala perfume, inspirando amores!

Uma canção se faz: leve, plena,
Como a ave e o tema.
Os corações palpitam de encantamentos
E vão rezando o verbo amar
Sob a lua incandescente
Em belas noites boreais!

Nessas noites outonais
A lua capta em radiograma
O pensamento de quem ama
- sob a luz de estrelas rútilas -,
Em fulgores de encantamento
No doce prelúdio estelar!

E neste eldorado de encantados sonhos
Um realengo de esperanças que seduz,
Insurge na ágape dos corações,
Perscrutando reminiscências esvaídas
Como fonte de ternura de amores  
esmaecidos!


Autoria:  Antenor Rosalino


O CÃO






 
Na imensidão profícua do reino animal,
Surge o cão,
Predestinado a acompanhar seu dono
Com exemplar fidelidade,
Tanto nas alegrias
E momentos inesquecíveis,
Como no enfrentamento da dor
Em lôbregas jornadas!

Amabilíssima criatura!
Preciosa dádiva do cotidiano humano!
Obsequiador,
Alegremente afugenta
A tristeza do lar com graça, peraltices
E ostensivo brilho no olhar!

Não hesita o sacrifício da própria vida
Para defender seu dono
De inimigos imprevisíveis.
E, se o amigo perece,
A dor o sufoca..., e morre também,
Na angústia incontida
Da ausência nefasta.


Autoria:  Antenor Rosalino



FESTA JUNINA



                                       

Hilárias festas juninas
Prenunciam o arrebol!
Os pássaros entoam hinos...
Cantam alto os rouxinóis!

Nas noites suaves de junho,
Brilha um sol em cada olhar!
Esvoaçam-se as falenas,
Circundando os girassóis!

As quadrilhas são formadas,
Movimentam-se os paióis...
Alaridos de crianças!
Alegrias divinais!

As sanfonas e violas
Incrementam o tom festivo!
Dançam livres as donzelas
Com adornos coloridos!

Doces, pipocas, quentões...
Fartas mesas colossais!
Deliciosos petiscos
De sabores sem iguais!

Altas horas já passadas.
Abrandam-se então os agitos
Enquanto o som da viola
Dá adeus ao plenilúnio!


Autoria:  Antenor Rosalino

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

LEGADO


Deixo no tempo um legado
de louvor à poesia,
trazendo no peito, incrustada,
a esperança de um dia
ver brilhar em cada olhar
na ternura de um sorriso:
a paz de uma sinfonia
e um poema a cada dia!

A suavidade de um poema
está sempre à espreita
sob diversos aspectos:
nas pétalas debruçadas nas relvas...,
na brisa divagante
ao pôr-do-sol sobre o mar...,
no esplendor lunar que adoça a alma!

Postergar a poesia
é ver o mundo à meia-luz.
É buscar apenas víveres
na obscura existência,
e resumir a sua história
com súplices hiatos tristes...


Autoria:  Antenor Rosalino

SOPRO DO VERÃO


                                                      

                                   Na harmonia dos passarinhos, 
                             O mundo acorda sorrindo,
Banhando-se na alquimia
Do verão que se enuncia!

Desabrocham-se botões de rosas
Num aspergir de fantasias...
Os folíolos em estalidos
Fazem festa nas colinas!

Nas noites de plenilúnio
Doces canções de ninar
Embalam os pequeninos

E o sopro do verão a sobejar,
Carrega os dédalos de dor
Para os abismos do mar!


Autoria:  Antenor Rosalino



REFLEXÃO





No tempo fugaz, sorrateiro, lá se vão as décadas
da minha existência, e quanto mais o tempo passa,
mais intensamente surpreende-me os mistérios,
a complexidade e as diferenças no pensar
e o sentimento das pessoas.

Com a mente imersa na profundidade desse pensar,
absorvo a realidadse presente
e compreendo que tudo se ostenta
aos meus olhos e ao meu coração
conforme o meu ângulo de visão.

Deixarei então que o meu olhar contemplativo
repouse no silêncio enternecedor das flores,
em suas luminescências, nos sorrisos apolíneos,
na suavidade cristalina das águas...
E sentirei o mundo em sua plenitude,
vivenciando apenas o amor perfeito e incondicional.

Que a imensidão dos meus sentidos
se ilumine como o raiar de um novo dia!
Que os meus pensamentos renasçam
como o sol a cada dia ao nascer no Leste,
apesar dos meus olhos tristes
quando o vejo morrer no Oeste.


Autoria:  Antenor Rosalino

Imagem da Internet


O pêndulo das horas


                                                       
   
                                   No tic-tac do pêndulo
Do relógio que não para,
Meu aflito coração segreda
Pensares que se afloram.

Os pensamentos fluem
Entre buscas e dores,
Na incógnita do meu mundo
Feito de espinhos e flores!

Ah! Relógio que não pára:
Aflora mágoas em meu peito
Ou trás angústias suspensas
                                   Ao meu coração que chora!

Os ponteiros frios e ágeis,
Indiferentes ao meu pranto,
Seguem altivos sem acenos
Ao langor do meu lamento!

Nesse tempo ininterrupto
Que me leva ao além:
Nascem flores de angústias
No tic-tac que vem...


Autoria:  Antenor Rosalino

domingo, 24 de fevereiro de 2013

POETIZAR





 
Poetizar é tornar-se um
pássaro livre vindo do nada,
e alegrar as flores belas com
peripécias acrobáticas;
beijá-las com ternura e
desfrutar do seu doce néctar!

É abrir janelas para o nascer
e o pôr do sol; e deslumbrar-se
com o encanto do amanhecer
reluzindo paisagens...

É ter os olhos rasos d’água,
quando o esplendor crepuscular
enunciar o anoitecer, e o sol
dizendo adeus, desmaiar-se
sobre o mar!

É ver respingos de chuva torrencial
transmutar-se festivamente
em gotas de cristal!

Poetizar é ver o belo em
tudo o que há: nos dourados
construtos humanos, no brilhar
de um grão de areia, num sorriso
a iluminar!

É partilhar os seus víveres
com desafortunados vagantes;
é contentar-se e sofrer
com a graça do viver...

E vislumbrando-se
na serenidade de um céu
de áureos pensar:
Alçar vôos altaneiros...,
ludibriando as procelas,
em transcendente odisséia
para um viver sempre belo!


Autoria:  Antenor Rosalino

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CREPÚSCULO VESPERTINO





Na ternura do entardecer,
Alvas nuvens bailam lúdicas.
Circundando o arco-íris
Que se abre em hastes rútilas!

Em acrobáticas magias,
Os passarinhos em bandos
Principiam os seus cantos
Permeando ventanias!

 As lamúrias são varridas
Para o nada – a não existência,
E redivivos sentimentos
Dão adeus aos lamentos.

Os uivos brandos dos ventos,
Transpassam jardins e cântaros,
Trazendo o perfume das flores
Na hora sacra do Ângelus!

Num aceno derradeiro,
Entre nuvens boreais,
Taciturno o sol se esvai
Nas veredas siderais!


Autoria:  Antenor Rosalino


LITANIA


                                                   
                                          
Nostálgico pensar na solidão
Aflora o meu âmago mais profundo
Em vãs interrogações sobre
A transitoriedade presente
Que faz os doces momentos,
Tornar-se doídos lamentos.

Derrama-se na minha alma,
Lágrimas de negra melancolia,
Enquanto uma cintura lânguida
De brancas nuvens
Passa, dando adeus
Ao crepúsculo vespertino!

Como o pêndulo indiferente
De um relógio que segue,
Oculto-me por trás de palavras
Perdidas e esquecidas
Em busca de coisas
Que nunca são encontradas...

Em noites claras, mal dormidas,
As florestas ecoam meus suspiros
Entre sonhos dissolvidos
No meu hábito de exaltada ternura,
À procura do que ontem era tudo
E hoje, o prado só medra abrolhos
E nada mais se fecunda.


Autoria:  Antenor Rosalino


ESPINHOS DE UMA ROSA


                      
                                  
              Caminhando em veredas e recantos,
              Procurei revelar o belo
              Na poesia mais cândida e pura
              E sentir, intensivamente,
              Todas as emoções presentes.

              Amei uma linda rosa
              Que em noites hibernais
              Soluçava melodias
              No seio dos roseirais!

              Um doce encantamento
              Segregando-se de minha alma
              Alimentava os meus sonhos
              No esplendor da madrugada!

              Amei essa linda rosa
              Que em perfídia repentina,
              Num ato vil, insensível,
              Feriu-me com seus espinhos...

              Desde então a poesia
              Incrustada no meu âmago,
              Revela apenas o triste
              Em fragmentos de pranto!


       Autoria:  Antenor Rosalino


A VERDADEIRA VIRTUDE






 
  Sabemos e é notório, que o ser humano é dotado de defeitos e virtudes. É bem verdade que, de um modo geral, as virtudes superam os defeitos. Não fosse assim, seria um caos a convivência entre os humanos. O sentimento fraterno e solidário se enfraqueceria, dando lugar a crescentes desentendimentos.
  As experiências do cotidiano, no que diz respeito ao relacionamento com os nossos semelhantes comprovam que, primordialmente, todo e qualquer desajuste de harmonia é proveniente da falta de uma análise mais ampla da situação. Comumente, aos sermos contrariados, simplesmente tratamos de agilizar o revide e isso fatalmente resulta em conseqüências quase sempre desastrosas.
  É natural que fiquemos raivosos em determinadas ocasiões, e é óbvio também, que em certos momentos, só mesmo uma pessoa possuidora de extrema sapiência e apurada educação consegue absorver os fatos serenamente, evitando o agravamento da situação.
  Entretanto, dentro das nossas limitações, podemos com certa dose de compreensão, pelo menos pensar um pouco mais, antes de proferirmos palavras ásperas ou tomarmos atitudes de revanchismo. A atitude pausada pode até não levar à sensatez desejada, mas abrandará e até mesmo poderá pôr fim ao entrave.
  Se analisarmos sob todos os ângulos, com o coração inerme, quaisquer casos de desentendimentos, veremos que não há um vencedor. Todos perdem. Isso porque, quem pensa estar com a razão, foi no mínimo infeliz, por não ter tido a sorte de evitar a situação, ou por estar no local em hora inadequada.
  No momento atual de tão acelerado desenvolvimento, a humanidade não marcha no mesmo diapasão no sentido da fraternidade e da solidariedade, e isso urge que sejamos mais complacentes, que devemos procurar conviver com as pessoas harmoniosamente, olhando apenas para os seus predicados, distante de preconceitos e do desejo de impor sentenças morais, mesmo porque, tais axiomas serão em vão tendo em vista que as pessoas só mudam e se valorizam por vontade própria.
  Lembremos que a verdadeira virtude está em convivermos com as diferenças, sem perdermos a compostura. É fácil agirmos e demonstrarmos fineza de trato e comiseração quando somos bem tratados, quando as pessoas agem de acordo com a vaidade de nossos interesses pessoais. Difícil é fazermos com que a coerência daquilo que sempre falamos no sentido do bem e da compreensão seja colocada em prática quando somos aviltados pela ignorância e a insensatez de alguém. Para que o convívio seja sempre fraterno e solidário, tomemos como exemplo as belas rosas, que crescem e brilham veludíneas e perfumadas mesmo entre seus abrolhos.


  Autoria:  Antenor Rosalino 

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

ANJO SEM ASAS




         

                      No martírio dos seus dias
                      De solidão e holocaustos:
                      Pupilas paralisadas...
                      Sonhos tristes na madrugada!

                      Coração liberto nas esquinas
                      Tem a rua por morada.
                      Vento frio seu sono embala
                      Entre alaridos desenfreados!

                      Papelão por cama na calçada...
                      Suplica migalhas...
                      Lágrimas nos olhos,
                      Por muitos, ignoradas.

                      Morre o triste a cada sol,
                      Para viver as sombras serenas,
                      Do céu que eternamente,
                      Será a sua morada.
                      Oh! Anjo sem asas!...


         Autoria: Antenor Rosalino e Maria Cristina Bonetti

          Imagem da Internet

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

MIRÍADE




O manto do anoitecer abraça a terra.
As pessoas alvoroçam-se, pressagiando
a poesia do luar!

As tristezas e ágmas sentidas
dão lugar a devaneios de áureos pensar,
em livre e solto poetizar!

Além do horizonte, a magia celestial
entranha-se no infinito das estrelas,
espelhando cisalhas de prata
caindo dos ares a se espraiar...

No mar, reluzentes reflexos choram
a vã tentativa de submergirem os seus encantos,
para alegrar nas profundezas,
o cirandar de espécies marinhas,
inquietas a borbulharem.

O mar não se agiganta por ondas
revoltantes: é calmo, fitando as estrelas,
pois tudo pára, envolto
no magnetismo estelar!

Não há pranto a correr
para o seu leito aquiescente,
que repousa lânguido no vértice,
até que as lágrimas das nuvens,
num dia qualquer, de repente...
entristeçam as suas vertentes.


Autoria:  Antenor Rosalino


De coração a coração



                                                     
  
                             Neste dia sem sol,
O nublado me entristece!
Os pássaros emudeceram
E as plantas não florescem!

Nem mesmo as fontes ecoam
O sussurrar das cascatas...
Somente os uivos dos ventos
Trazem perfis de saudade!

Não vejo o encantamento púrpuro
De arrebóis flamejantes.
Somente sombras funestas
Em esquecidos jardins!

Meu coração em prece
Assevera o teu e diz:
Oh! Coração, não seja assim:
Como um riso sem alegrias...
Inacabado poema
Sobre vãs rimas perdidas!


Autoria:  Antenor Rosalino



POETISA



                                           
        Na luminosidade de um novo dia
        Desperta a poetisa!
        Abre as janelas da imaginação,   
        E a inspiração domina o seu coração liberto!

        Com o olhar quase sempre voltado
        Para o infinito como em súplice prece,
        Cria vocábulos e abstratismos,
        Formatando versos eternos!

        Discorre o alvorecer iluminando as paisagens;
        O emoldurado crepúsculo do entardecer,
        O prado abraçando a terra,
        As delícias de um grande amor...

        Enfeita a vida... Encanta multidões!
        Busca na transcendente lida,
        Transmutar em alegria,
        O tom plangente que emana
        Do lado triste da vida!


  Autoria:  Antenor Rosalino