terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ENTREOLHARES




 
Para ver a negra noite..., tão bela...
E o cirandar das falenas:
Não espero o por do sol;
Ponho-me a fitar apenas
Os negros olhos de Helena!

Se pretendo ver o mar...
De verdejante amplidão
Abraçando a doce brisa:
Repouso o meu olhar inquieto
Nos verdes olhos de Eliza!

Quando quero ver o céu
De infinito azul edênico,
Cintilando magnânimo as dunas e colinas:
Fico calmo a contemplar
O olhar azul de Cristina!

Para ver o castanho crepuscular
Emoldurar desertas praias,
E o sol amendoado cintilar os caracóis:
Entranho meus vívidos olhos
No castanho olhar de Sol!

O meigo olhar das mulheres:
Divas, damas, colombinas, doidivanas,
Maria’s,  Ana’s,  Aline’s,  Luana’s ...
Fragmentam-se em cores
Deixando os meus olhos assim: furta-cores!


Autoria:  Antenor Rosalino

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A Fé

                                          

                                                                         


Ainda que tempestades de ingratidão desabem
E torturas e desatinos avassalam.
Ainda que haja injúrias e intempéries
A fé sobretudo impera!

Não fosse essa crença divina...
Não fosse essa força clemente...
E o nosso mundo seria
Um mar de tristezas, somente.

O padecer nos ensina
O caminho do porvir.
Entre as trevas vê-se a luz
Que nos eleva e conduz!

Os maus tempos antecedem
Sempre..., sempre a bonança,
Mas sem fé tudo seria
Só maus tempos, sem bonança
.
A natureza que encanta
E o nosso corpo perfeito,
São motivos incontestes
À gratidão permanente.

Com fé tudo se consegue,
Até mesmo o impossível.
É acreditando na vida
Que a vida nos enobrece.

O que seria de nós
Sem um Deus no coração?
Vida vazia...,  incerteza...
Só tristeza e solidão!


Autoria:  Antenor Rosalino

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CLAMOR


                           
                                                                             


Pela fresta da janela entreaberta
E com o olhar a marejar,
Vislumbro o morro moreno
Altaneiro, velando o mar!

A seus pés, pedindo clemência,
Modesta casinha ao léu,
Não podendo ser o mar,
Almeja atingir o céu!

A colina verdejante
Observa a chuva fina
Prateando a casinha húmil
Prestes a desmoronar.

E implora à crescente chuva
Ruflando seus arvoredos:
“Oh chuva! Não sejas rude,
Não a leve consigo, não.”

Também as rochas serenas
Com lágrimas em seus andares,
Fazem coro com a colina
Para as chuvas deserdarem!

Como a atender os apelos,
Mansamente, permeando o éter,
Cessam as águas pluviais.

E orvalhada da aflição,
Diz a colina em alívio
Num suspiro de langor:
“Obrigada, chuva amiga!
A casinha ainda sonha
Tu não a levaste, não!”


Autoria:  Antenor Rosalino

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O Crepúsculo da Vida




 
A voz quase sempre ausente e rouca,
Murmura palavras em monossílabas
Lentas, tristonhas,
Buscando em desalento
O carinho dos entes queridos
À sua ansiedade louca.

Ânsia de melhor ouvir,
Sentir e sonhar
Novamente os encantos
Das quimeras e lembranças
Tão vívidas em seu olhar!

Suas mãos cansadas e trêmulas,
Pousam sobre o encosto
Da velha cadeira vermelha...,
O mesmo vermelho a confundir-se
Vez por outra,
Com a luz do seu olhar
A marejar!

As emoções do presente
Não trazem como outrora
A alegria, o esplendor do porvir
E suas vertentes;
Apenas lembranças...,  ternas lembranças
De um risonho amanhecer...
De tão longínqua aurora!

Seu caminhar é lento, indeciso.
O seu sorriso é brando
Entre as rugas a se untar,
Mas a serenidade é vívida
Tal qual, a suavidade do seu olhar!

Depusera dos sonhos e da ilusão
Para viver, enfim,
A indizível quietude
Da vida em refração.


Autoria: Antenor Rosalino

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CRISTIANISMO





 
Tenho Cristo como meu escudo.
Não questiono a sublimidade
de sua existência exemplar,
galgada na compreensão e, sobretudo,
no perdão aos deslizes, perfídias
e ingratidão humana.

Sou reticente e questiono, entretanto,
as maquiações inseridas pelos seguidores
do Nazareno em épocas remotas, os quais,
desprovidos de sapiência e no afã de conquistar
sempre mais “ovelhas” para o seu rebanho,
incrementaram nas mentes pueris,
a idéia de contínuo sofrimento
para a remissão dos pecados do mundo!

A verdadeira religiosidade
não deveria suprimir a liberdade dos fiéis,
mas sim, fazê-los entender
que a vida é para ser vivida,
desfrutada em sua plenitude,
isenta da idéia sombria do castigo inócuo,
da dor e do desespero inútil.

Na liberdade do horizonte,
vislumbro o dia em que o cristianismo,
desprovido da culpabilidade incrustada
em sua mente pelos séculos dos séculos,
possa apenas seguir as lições de Cristo
e não a imposição de fanáticos religiosos.

Que todos cumpram suas tarefas no bem,
e, na alegria do dever cumprido,
cada qual deposite o futuro
às mãos do seu Deus, assim como
o próprio Cristo em seu último ato,
em que, volvendo os olhos inermes para o céu
profetizou: “Tudo consumado. Em tuas mãos,
oh Pai, entrego o meu destino.”



Autoria:  Antenor Rosalino

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

BAILAM OS GIRASSÓIS



                       
                                                       
                                  Após o temporal,
                                  cheiro de terra molhada se espalha pelo ar!
                                  Bailam os girassóis nos campos ainda mais verdes
                                  para o arco íris se apresentar.

                                  A natureza prossegue em seu destino,
                                  após o temporal.
                                  Banha-se a terra com a magia dos arrebóis!

                                  Tudo pára no acolhimento das bênçãos celestiais,
                                   no aspergir de fantasias das flores coloridas,
                                   onde os passarinhos voam uníssonos em sincronia
                                   e os poetas e poetisas fazem versos divinais!

                                   O sol aos poucos despede-se
                                    do esplendor do dia findo,
                                    ajoelhando-se em prece no horizonte tristonho
                                    e agradecendo o apolíneo e rútilo arco íris que,
                                    em reverência se inclina
                                    saudando a bênção dial!

                                    Num eflúvio de encantador realengo
                                    de atemporais poesias,
                                     - postergando as tristezas -,
                                     ainda bailam os girassóis...
                                     num arroubo de cândida magia.



            Autoria: Antenor Rosalino e Maria Cristina Bonetti.

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CAMARINHAS



                                                      
   

A chuva cai mansamente em camarinhas
como gotas de cristal; descendo ladeiras,
ultrapassa falésias e vai..., discorrendo
paciente seu encanto e seu frescor!

Mesmo fraca e vagamente, cumpre sua jornada
em silêncio, postergando as amarguras...,
o nefasto amargor de tão vastas angusturas.

Alegrando a solidão, seu labor contagiante
enternece corações, deixando saudosos aspectos
nas multidões divagantes!

Consumado o seu percurso de aquiescentes espectros,
espraia suas vertentes em suspiros de plangor
e no fundo da terra se esvai, para renascer em
plenitude insurgindo seu condão, revestida de vapor
a formar no céu azul, lindas nuvens de algodão!



Autoria:  Antenor Rosalino

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A palavra proferida


      
                                       



Linguajar que conduz a quase tudo.
Comunica e nos leva à paz querida.
Denota enfim o que somos
A palavra proferida.

Dos humanos, um dom supremo.
Transmite o que pleiteamos da vida:
As decepções, alegrias e anseios
Oh!  Palavra proferida!

Nos ensina o bom caminho
Em conselhos e guarida
Mas também sempre ofende
A palavra proferida.

Vez por outra nos abala
Comunicando aguerrida:
Um adeus!...,  triste amargor
Da palavra proferida.

.Deixa-nos em recordações contar
Tantas emoções vividas.
Deixa eco a ressoar:
Belas palavras proferidas!

Palavras que guiam e ensinam...
Palavras sempre benditas...
São essas imagens divinas
As palavras proferidas.

Palavras que agonizam,
Maltratam...,  ferem inseridas,
Quando o uso é indevido
Da palavra proferida.

Não fosse esse comunicar
Como seria essa lida?
Talvez forma tão vulgar
Sem palavra proferida.



Autoria:  Antrenor Rosalino

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INOCÊNCIA



                                                        
 
INOCÊNCIA

No mundo feliz dos seus sonhos
- Construto da mente infantil -,
Põe-se a brincar a criança
Como um anjo em seu perfil.

Alheia às intempéries da vida,
No quintal a devanear,
Tem a mente em fantasia
E doçura no olhar!

De repente...  o tempo muda
Com íris de vendaval
E um relâmpago atinge
Sua face angelical!

A criança então se agita
E gritando logo diz:
Vejam só!  Os anjos estão
Tirando fotos de mim!



Autoria: Antenor Rosalino

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

VERANEIO

  
                                             
                                            
Os arvoredos balançam...
Caem pétalas no chão,
Reluzindo os seus encantos
Ao pôr-do-sol no verão!

Um brando frescor estua
Os folículos e penachos.
As gárgulas límpidas espumam
Com o alegre ancorar dos pássaros.

À sombra fresca das árvores,
Meu peito se enche de amores,
Trazendo langor e saudades!

Neste horizonte de cores,
Vejo espelhar entre as frestas
De sombreados folíolos:
Belas flores nas verdes sépalas...
E o céu azul no infinito!
.
Nas praias, as águas calmas
Contrastam com os agitos
Das falanges que, festivas,
Enfeitam o mar colorindo-o!

Como um sonho o verão se finda...
Vão-se os pássaros a ruflar
Buscando os frouxéis de ninhos
Até outro verão chegar!


Autoria:  Antenor Rosalino

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ABISMO



                                                      
Desfaço os laços dos subterfúgios
e da indiferença. Não busco, porém,
em outros céus, a paz sonhada
e renegada!

Não mais questiono.
Meus lábios emudeceram!
Meu lenitivo é o ar que respiro
e a doce esperança na eternidade
que me cerca,  se avizinha...

Não sinto o sol abrasar-me,
nem vejo a brisa tremer!
Os meus olhos pranteados,
não me deixam enxergar
o luar rasgando o céu
e estrelas cintilar!

Sigo apenas meu caminho
entre atalhos e espinhos,
sem jamais me hesitar
ou querer me retratar.

Quando um dia nessa trilha
minhas forças fraquejarem,
e meu corpo serpeante
pouco a pouco definhar...

Pedirei com indulgência
A quem por desdita trilhar
esse caminho de enfado
e deparar de repente,
com algo vil sobre o chão:
Pisa de leve, sim?
Pode ser meu coração!



Autoria:  Antenor Rosalino

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A VONTADE SEM FORÇA



                                                                                                        


Desde os tempos mais longínquos, aos nossos dias atuais, há escritos e discursos que enfatizam com eloqüência desmedida a máxima de que, “com vontade, tudo se consegue”.

  Se lançarmos um olhar investigativo às diferentes e mais diversas classes sociais, chegaremos à conclusão – pois é claramente notória -, que, para ser um vencedor, é necessário sim, primordialmente, uma vontade extremamente arrebatadora, uma luta incessante e, mesmo no enfrentamento da dor e dos inevitáveis obstáculos, a persistência, o aguerrimento e a fé inabalável nos objetivos, cujas atitudes sempre foram as marcas indeléveis daqueles que mais marcaram a história da humanidade, cujos feitos proporcionaram e proporcionam ao homem, uma vida mais digna, pautada no desenvolvimento em todas as esferas sociais, com a sustentabilidade necessária no intuito de beneficiar de maneira cada vez mais crescente, as gerações vindouras..
  Entretanto, fica claro também que, embora haja exceções e são muitas, por mais vontade que se tenha, esta não é tudo para a conquista dos nossos sonhos. É preciso algo mais, além dos bons ventos da sorte. Lembremos que o próprio viver com saúde é graça recebida, aliás, a maior de todas as graças.
  Comumente vemos pessoas bem sucedidas financeiramente que pouco fizeram para merecer suas benesses e privilégios, enquanto presenciamos muitos talentos perdidos em sombrias periferias. A diferença está na divergência das amizades e na sabedoria. Aqueles que são apadrinhados ou tiveram a felicidade de ser bem nascidos, indubitavelmente desfrutarão de muito mais benefícios e regalias, terão os seus projetos de vida realizados, podendo assim desfrutar de forma bem mais abrangente dos prazeres que a vida pode proporcionar. A outra classe, por sua vez, mesmo contando com elementos possuidores de extremo caráter e inegáveis talentos, não terão como alavancar-se para empreender missões grandiosas e elogiáveis. Falta-lhe não inteligência, mas sabedoria para abraçar oportunidades ou, o que é mais notório, a “força” de amizades privilegiadas.
  Sabemos que faz parte da natureza humana, o desejo de progresso, a amplitude de conhecimentos, a vontade de ser útil e ser admirado. Assim sendo, não podemos atribuir falta de vontade aos subnutridos, de origens extremamente humildes, desprovidos desde o nascimento,de assistencialismos essenciais como educação e saúde.
  Todos têm vontade, mas a maioria do proletariado é infausto, falta-lhe sabedoria para abraçar oportunidades, mas, primordialmente, a “força” dos privilegiados e bem nascidos, sem a qual, a vontade tropeça pelas esquinas da vida. E os desejos são bloqueados, como algemas cruciais nos pulsos só dos humildes.



Autoria:  Antenor Rosalino

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O Arco-Íris


                                                      

Descortina-se  o arco-íris!
Dissipam-se as ágmas.
No  esplendor dos matizes,
Murcham-se as lágrimas!

Arco-celeste, arco da aliança!
É também  arco da chuva...
Reluzente   esperança
Das alcovas  da turba.

Emanando suas cores
Em cenários diversivos,
Reacendem-se os fulgores
Há tanto, empedernidos.

Abrem-se os sorrisos!
Esvoaça-se a passarada...
Aguçando-se os viços
Da cidade engalanada!

A paz assim tão presente
Na calmaria do dia,
Devolve a lira plangente
À inflexão que enuncia.

Quando nesses momentos
O mundo sorri feliz,
Unem-se os pensamentos
Do modo que eu sempre quis!

Nesse dia ganho um sonho...
Esqueço a sorte perdida.
Não há suspiro enfadonho.
Respiro a paz mais querida!

As borboletas ao vento
Ganham cores de opalas,
Enquanto nesse acalento
Nas gólgotas a dor se cala!




Autoria:  Antenor Rosalino

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O SAPO


  


 
À beira da estreita rua de terra umedecida pela
chuva torrencial que lhe assolara, deleitava-se quieto,
muito quieto, solitário sapo, sem imaginar o suplício
do futuro a espreitar-lhe.

Seus grandes e vívidos olhos tinham luzes de pirilampos
e brilhavam ainda mais, ao entreolhar curiosos garotos a
lhe rodear.

De repente:  a tragédia! Os meninos lançaram-lhe
pesadas pedras  e a cada pedra lançada, um salto a mais do
pobre sapo, em sua  angustiante tentativa de desvencilhar-se
da emboscada crucial!

Esforços vãos:  não suportando a intensa crueldade, pouco a
pouco, vai perdendo as forças e desfalece, enfim, numa poça d’água,
lançando ainda um último olhar estupefato aos pequenos vândalos,
como a entender e a perdoá-los.

Oh! Pobre sapo! Sua voz não é ouvida, mas o seu silêncio
transmutará em dolente silvo de clamor, que ressoará
por longo tempo na consciência dos garotos, fazendo-os repensar
em profusão, sobre a tortura que lhe impuseram;
e verão ainda, o desabrochar de flores,
no lugar do suplício de tão dolorosas pedras.




Autoria: Antenor Rosalino

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